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Compreensão

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 01/09/2025 às 19:18
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No final dos anos 80, muita gente emigrava, entretanto, sem internet, informações do país de destino tinham que ser garimpadas. Mais fácil para quem ia para os Estados Unidos, pródigos em informar tudo e mais alguma coisa sobre o “american way of life”.

Por isso, foi uma surpresa para um jovem engenheiro vivendo no Texas quando, sem saber por que, começou a notar alguma tensão nas suas relações diárias profissionais. Algo se passava e ele pediu ajuda à empresa, no que foi muito satisfatoriamente atendido.

Um seminário chamado “Compreendendo o Americano”, desenhado especificamente para imigrantes, levantou um véu e facilitou-lhe muito a vida. Parece algo teórico, mas o foco era todo sobre valores americanos e como, por causa disso, coisas que para outros povos são banais, para um local poderiam ser muito sérias, e vice-versa.

Nessa hierarquia de importâncias, chamou-lhe particularmente a atenção o apreço que os americanos dão à privacidade. São muito sociáveis, interessam-se por qualquer um que apareça à frente, mas, por outro lado, são muito seletivos ao convidar alguém para entrar na sua casa.

E a razão é histórica. Ainda na época de colônia, os pioneiros tiveram que conviver com uma situação insuportável, o “quartering” (alojamento), que, instituído por lei, obrigava colonos a darem moradia, comida e suprimentos a soldados ingleses. Infelizmente, além da óbvia invasão do espaço doméstico, em si própria bastante ruim, eram frequentes os relatos de desrespeito e abusos.

O jovem engenheiro também compreendeu que o hábito que tinha de tomar “emprestado” moeda de qualquer pessoa para comprar um café na máquina era malvisto. Se tomou emprestado, tem que devolver. Se foi uma gentileza, imperativo retribuir.

É uma sociedade que funciona na base das liberdades individuais e respeito ou outro. Pode tomar todos os cafés que quiser, e mais alguns, porém não coloque o fardo num colega de trabalho, seja ele quem for.

Quanto ao “quartering” e outras medidas abusivas, no fim, houve consequências. Tanta opressão acabou por levar à independência e uma nova nação, num molde completamente novo. Feliz 7 de Setembro a todos.

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