Então, o líder faz tudo certo: é um modelo, um exemplo de bons comportamentos, explica tudo bem, tem paciência ao lidar com os funcionários, sabe motivar e inspirar. Em resumo, é um líder fantástico, que, não sendo perfeito – ninguém o é –, consegue ser aquele agente de transformação que toda empresa sonha em ter nos seus quadros.
Sua equipe trabalha muito bem, conseguindo mais rendimento como grupo do que conseguiria somando o resultado do trabalho de cada membro. É uma equipe de alta eficiência, rendimento espetacular.
Ainda assim, está lá o Zé. Ouve tudo, reconhece o esforço do chefe, sabe o que deve fazer e, de vez em quando, até tenta, para que não o chateiem. Mas não está convencido e, com frequência, coloca-se em risco. Ou, ainda pior, coloca um colega em risco. O que fazer? Numa palavra: consequências.
Se o Zé, no seu íntimo, tiver claro que, não importa o que faça, nada vai lhe acontecer (à parte, um possível acidente que, por sorte, ainda não veio), ele vai persistir daquela forma. É um ser humano e, enquanto não tiver um motivo sério para mudar seu comportamento, vai seguir como está.
Não convém esperar que chegue o acidente. Seria uma tremenda lição, mas, nesse caso, o Zé estará todo estropeado, ou morto. É imperativo aplicar uma ação sobre o despistado, e o segredo está na dose.
Pode ser desde uma advertência, que vai ser eficaz se atingir o brio pessoal do Zé (ninguém gosta de ser chamado à atenção), até algo mais drástico, como uns dias em casa e até alguns dinheiros que, certamente, darão materialidade à coisa toda.
– Vou perder parte dos meus vencimentos se fizer “isso” de novo? Contem comigo para fazer o que for certo! Serei um modelo daqui para a frente!
Desde que se perceba justiça no processo todo, essas consequências são poderosas para garantirem que, se não convencemos o Zé de que ele não deve fazer essas coisas, pelo menos fazemos com que, na prática, ele se comporte bem.
O Zé pode estar zangado, mas está vivo e bem. Sempre se pode seguir buscando formas de torná-lo um campeão da Segurança. Até lá, precisamos que ele não se mate, nem a um colega. E amanhã sempre pode ser o dia da epifania.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com