Um colega engenheiro civil atuava em obras de ampliação de um estacionamento na baixa de Lisboa. Produto de sua geração, esse jovem profissional publicava regularmente fotos com o progresso dos trabalhos nas suas redes sociais.
Como não é raro acontecer, toparam com uma relíquia arqueológica pelo meio: um grande barco, antiquíssimo e perfeitamente identificável em sua estrutura. Obras atrasadas por um bom motivo, ficou o barco para apreciação pública.
Quando assuntos desse tipo saem numa roda de amigos, sempre é possível fazer um comentário matador: pois, na minha cidade, lá em Minas Gerais, também se encontram coisas antigas. No caso, literalmente, pré-históricas. Nós achamos dinossauros! Bem, na verdade, o que sobrou deles, mas está valendo.
Convém explicar isso aos visitantes, até para esclarecer por que vemos dinossauros enfeitados para o Natal, pelas praças da cidade. Poderia ser um esforço de marketing para a mais recente edição do filme do Godzilla, mas é, apenas, parte do jeito de ser de Uberaba. Dinossauros natalinos, quem poderia imaginar? Definitivamente, somos originais.
Aliás, faz todo o sentido que houvesse tantos bichos enormes por aqui. Com este calor infernal, possivelmente até mais quente em tempos remotos, mais a umidade, com certeza a natureza sempre foi exuberante e propícia à sobrevivência de quem por aqui passasse.
Esta visita foi curta, mas, além da alegria de passar o aniversário do meu pai com a família, fica a satisfação de constatar que a cidade continua linda e cheia de gente de valor. Igreja lotada, povo cantando e rezando, visitas de cortesia, amigos queridos a cada cinco passos, lembrando: “seu pai é um grande homem”. Sempre respondo, amigavelmente: “eu sei”.
Também sou produto da minha geração, e as fotos desses dias, provavelmente, pouco aparecerão em redes sociais. Nada de mais, apenas uma forma diferente de viver cada momento, mas a alegria não é menor.
Agora é esperar por conexões tranquilas entre voos, de volta ao frio de Portugal. E até a próxima visita.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com