Chegou o verão na Europa. Acabou a época de frio e chuva; o verão é, majoritariamente, seco. A temperatura sobe, às vezes até demais, e começam os casos de “golpe de calor”. Pessoas vão parar no hospital com o mal-estar, e um conhecido chegou a ter amnésia temporária. A coisa é séria!
Aparecem as frutas da temporada nos mercados, mercadinhos e feiras. Cerejas escurinhas, as mais doces. Melão verde, o mais saboroso. É hora de percorrer os fornecedores todos, descobrir quem tem os exemplares mais suculentos este ano e dar-lhe preferência até outubro.
E inauguram-se os festivais de verão. Vêm todos na escala combinada, fim de semana após fim de semana, às vezes invadindo as quintas-feiras. Há para todos os gostos musicais, em todo o país, em formatos diferentes. Pode-se desfrutar de um recital bem tranquilo, num final de tarde ou, caso seja do seu gosto, passar dias acampado em local remoto, saindo da tenda para curtir o que, para outros, é apenas muito barulho.
Todos se preparam para a viagem do verão, que não deve ser longa, de forma a sobrarem alguns dias para a “viagem da neve”, no inverno. Agora são as férias da praia, lago, campo, casa dos avós. Em janeiro, virá a pausa para esquiar.
Foi sob esse pano de fundo que Portugal acordou na quinta-feira, 3 de julho, com a notícia do falecimento dos jogadores Diogo Jota e seu irmão André Silva, num acidente em Zamora, Espanha. Dos irmãos, Diogo era o mais famoso; seu mais recente título pelo país, a taça europeia. Mais recente ainda foi seu casamento, com a mãe dos seus três filhos, apenas onze dias antes da fatalidade.
O tristíssimo duplo funeral ocorreu na cidade de origem, Gondomar, no Norte, e o país todo acompanhou pela TV. Muitas figuras do esporte compareceram; a incredulidade estampada nos rostos jovens.
Não era esse o combinado. O suposto era uma vida longa, envelhecer ao lado da esposa, ver os filhos crescerem, lutar por muitos títulos, ganhar alguns, perder outros, muitos verões de frutas da estação, festivais de música, férias com os filhos. Faz parte daquelas coisas insondáveis, com que se aprende a conviver. Vão em paz, Diogo e André, e muita força para a família.