ARTICULISTAS

Inocência Infantil

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 23/09/2024 às 19:04
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Quem quer ir ao famoso parque de diversões próximo a Paris tem que pegar um trem na capital e viajar cerca de 40 minutos até a estação Marne-La-Vallée. Entre os usuários habituais dessa linha ferroviária, é fácil reconhecer os turistas, geralmente em grupos, frequentemente com crianças.

Foi numa viagem dessas que ocorreu o evento em causa. Na estação de partida, em Paris, quando todos vão entrando no trem, um rapaz se põe entre um homem e sua família, mulher e filho de oito anos, separando o grupo. Em seguida, moedas caem ruidosamente ao chão e o rapaz se abaixa, freneticamente catando-as, enquanto toca os tornozelos dos passageiros mais próximos, como se estivesse procurando algo.

Várias pessoas o interpelam, perguntando o que se passa. A ação toda parece meio estranha, mas ele não diz nada, apenas segue no seu jogo de mãos e vai recolhendo as moedas, até que soa o sinal: o trem vai partir. Logo antes de as portas se fecharem, moedas recolhidas, ele, subitamente, se levanta e sai do trem, com tempo justo de ver as portas se fecharem atrás de si.

Já em movimento, a família finalmente se junta, quando o pai se senta junto com a esposa e o filho e, intuindo que algo de anormal se passou, revista os próprios bolsos, constatando que teve o passaporte roubado. Foi tudo um jogo de cena para distrair todos e conseguir afanar um bem alheio.

O filho pequeno, vendo as caras preocupadas ao redor, pergunta à mãe o que se passa, ao que ela explica: “viu aquele rapaz catando as moedas? Afinal, ele era um bandido e roubou o documento do papai”. Perplexo, o menino tenta buscar uma explicação: “Ele era um ladrão? Mas ele não tinha máscara!”.

A mãe entende a confusão infantil. Naquela idade, “ladrão” quer dizer Irmãos Metralha, que andam com roupas de presidiário e máscaras, além da cara de mau e intenções perversas conhecidas à partida.

Consciente de que, naquele momento, está levando seu filho a cruzar um portal de inocência perdida, ela explica que, na vida real, pessoas que querem fazer o mal parecem normais. Não andam, não falam, não se vestem como bandidos, enquanto maquinam e agem nas sombras, até que seja tarde.

A propósito de comentaristas que insistem que, se alguém se autodenomina democrático, certamente não fará mal a ninguém.

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