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Mistério na Madrugada

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 27/02/2024 às 19:08
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São 3h50 da manhã; o despertador toca. Hora de levantar, passar uma água no rosto, quem sabe tomar um café para acordar. As próximas duas horas serão passadas em uníssono com uma multidão ao redor do mundo.

Quem faz um convite assim? “Ei, vamos nos encontrar, de madrugada, para juntos, recitar certas fórmulas, vezes sem fim.” Mas... nem uma cerveja? Um salgadinho, talvez? Vinho? Que espécie de programa é esse?

É o que muitos vêm fazendo desde o início desta Quaresma. Acordam de madrugada para rezar o Rosário. Para quem não conhece, são duzentas ave-marias, ou quatro terços (não deveriam ser “quartos”?), meditando nos mistérios da vida de Jesus Cristo.

Quem tem liderado a façanha é frei Gilson (nas redes sociais, “Frei Gilson/Som do Monte”), que está todos os dias (menos domingo) religiosamente a postos, começando com a adoração ao Santíssimo e, a seguir, o Rosário.

A cada dia medita-se sobre um tema específico, à medida que se avança nos mistérios. Houve o dia da caridade; outro, foi dedicado ao livro de Jó; outro ainda, a uma carta de São João, e assim se vai.

As pessoas se unem via televisão ou, preferencialmente, via mídias sociais, comprovando que não é o meio o problema, mas o uso que dele se faz.

E são, literalmente, milhares de pessoas se juntando a cada dia. O próprio Frei Gilson comenta que, nem na época da pandemia havia tanta gente rezando junta. Já na primeira semana foram mais de quatrocentas mil pessoas ao mesmo tempo. Mais de uma Uberaba inteira de pé (ou, no caso, de joelhos)!

Verdade que a participação vai crescendo à medida que se aproxima hora mais civilizada, o que faz com que a maior parte da audiência acompanhe “ao vivo” os últimos mistérios, que são os Gloriosos. Já não está mal!

É difícil explicar o transcendental para quem vive no mundo material. Olhando de fora, pode parecer algo tolo, uma coisa de gente menos sofisticada. Ah... as aparências.

Não existe explicação; só quem vive tem a oportunidade de experimentar. E, experiências, as há, e aos montes. A cada dia testemunhos são compartilhados: alguns, menos; outros, mais impressionantes. De onde vêm? Quem está fazendo tudo isso? Às quatro da manhã, qualquer um pode verificar.

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