No coração do Missouri, EUA, fica o “World Bird Sanctuary”. Fundado em 1977 com a missão de reabilitar aves selvagens, o santuário cresceu e, visitando-se suas instalações, pode-se aprender mais sobre os bem-cuidados pássaros. E é lá que vive Murphy, a águia.
Murphy chegou ainda novinho; estava ferido. Melhorou, mas ficou com sequelas; não consegue voar, e a vida no mundo selvagem não lhe é possível; assim, ele reside permanentemente no santuário, ajudando a educar visitantes.
Os cuidadores notaram que Murphy arrumou seu cantinho num ninho bem-feitinho e, ao espreitar o local, viram que a águia estava chocando algo. No caso, uma pedra! Sem possibilidade de aquilo progredir, mas o que fazer? Murphy teve que ser isolado de outras aves, já que estava se tornando agressivo ao proteger seu bebê-rocha.
Nada como um dia depois do outro. Apareceu no santuário uma aguiazinha bebê, que havia perdido sua mãe. Também era macho e logo ficou claro que o melhor seria juntar o órfão e o aspirante a pai e... bingo!
Murphy revelou-se um excelente pai, cuidando do seu filhote até que este se tornasse grande e forte para voltar à natureza. Sendo uma águia, um ser não versado em ciências biológicas e adjacências, deve ter pensado que chocar uma pedra, afinal, funciona!
A experiência deu tão certo que, um ano mais tarde, outra pequena e desamparada águia chegou ao santuário, e Murphy já foi escalado para cuidar de mais esse pimpolho. Um aviso no seu lugar habitual informa aos visitantes que Murphy está em licença-paternidade; o isolamento é essencial para dar atenção ao pequenino – prioridades que qualquer pai responsável conhece.
Murphy, a águia, nunca conheceu outro Murphy, o Edward, engenheiro espacial nos anos 40, que, num momento de frustração, fez um comentário hoje mais conhecido como “Lei de Murphy”. É um adágio que diz que “se algo puder dar errado, com certeza, dará”, e segue mais atual que nunca.
Ultimamente, parece que estamos sendo cultivados numa avalanche de notícias estressantes em que tudo vai mal. Mas, afinal, neste mesmo mundo, há um Murphy papai-águia que prepara sua casa e faz sua parte para bem cuidar da prole e, assim, melhorar seu pedacinho de mundo. É questão de escolher o Murphy.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com