ARTICULISTAS

Nobres e Nobres

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 05/11/2025 às 19:59
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No excelente livro “Diana: Crônicas Íntimas”, de Tina Brown (Ediouro, 2007) leem-se muitos detalhes sobre o percurso da trágica princesa inglesa. Se os principais fatos sobre sua vida são conhecidos - a origem nobre, o noivado e casamento com o príncipe Charles, etc. -, muitas informações localizadas ajudam a compreender não apenas o destino desta princesa, mas a história do seu país.

Tinha ela em comum com a avó aquela empatia extrema com pessoas vulneráveis, que tão bem se viu nas suas visitas a hospitais e populações em risco. Não tinha grande destaque na escola e não chegou a ter um diploma do segundo grau.

Em vez disso, mudou-se para a cidade grande, dividindo despesas com amigas e procurando trabalho. Mas, atenção, era rica e nobre. Assim, de acordo com o costume e tradição dos seus, arrumava ofícios mal pagos, de modo a deixar claríssimo que trabalhava pela ocupação em si; não, para se manter.

Foi assim que se tornou faxineira do apartamento da irmã, babá de crianças americanas e professora numa escola infantil. Foi nessa vida que o relacionamento com o futuro rei Charles nasceu e se desenvolveu. A dignidade do trabalho era fundamental.

Esse é um dos muitos exemplos do código pelo qual se guia a família real inglesa, talvez a monarquia mais monárquica do planeta. Difícil imaginar o psicológico de quem nasce e cresce nesse ambiente, com esse misto de tradição milenar com aparências reais.

Agora, um dos príncipes daquela família, que, por muitos anos, foi o segundo na linha de sucessão para o trono, está perdendo seus títulos, inclusive o direito de ser chamado “sua alteza real”. Apanhado num escândalo horroroso, foi demais. Tentou-se gerir a situação por muito tempo, com cada iniciativa afundando mais e mais a reputação do ignóbil.

Há quem reclame, dizendo que sua punição vai ser apenas deixar de viver em uma mansão, para viver em outra. Porém, nesse ambiente em que ele vive, as implicações práticas são brutais. Serão muitas pequenas humilhações diárias, um recordatório constante do preço por quase arrastar “a firma” na lama. Código quebrado, lição aplicada, que nem todos sabem ser nobres.

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