O Campo Pequeno é uma casa de espetáculos de Lisboa, normalmente dedicada à tauromaquia. É grande, assim também abriga eventos de diversos tipos, inclusive, vejam que povo culto, récitas de ópera!
Na noite de segunda-feira, filas se formaram nas diversas portas de entrada, tudo muito organizado. O público já está acostumado e vai se dirigindo ao respectivo lugar, com a ajuda dos funcionários do local.
Na hora marcada, casa lotada, começa o espetáculo. Primeiro uma introdução. São vídeos com a estrela da noite contando um pouco da sua história e projetos, com convites para visitar websites para mais informação. Em seguida, uma voz anuncia o pré-show e a plateia aplaude.
Entra no pequeno palco uma mulher de meia-idade. Ela faz alguns comentários e conta histórias da sua vida, que ilustram o tema escolhido. Depois anuncia o convidado principal, aquele por quem a multidão veio, seu marido.
Sobe ao palco o psicólogo canadense Jordan Peterson, agradece os aplausos e, de pé, discorre sobre um capítulo do seu mais recente livro. Fala sem consultar nada, apenas vai alinhando histórias com explicações e, quando parece que não há mais o que dizer, aprofunda o raciocínio de forma surpreendente.
É tudo muito natural, o clima no ar é de expectativa, compreensão e preenchimento. Sim, todas aquelas pessoas saíram de casa para ouvir um psicólogo falar sobre a vida, por um par de horas. Nada mais.
Depois da palestra, ele se senta. A esposa volta ao palco, senta-se ao seu lado e lê perguntas do público. São perguntas práticas, diretas, pedindo conselhos sobre questões dolorosas, ou desconcertantes, de vidas, ao mesmo tempo, comuns e incomuns.
Não se pode dizer que ele tenha mencionado algo que já não tivesse dito em alguma oportunidade, em vídeos sempre disponíveis por aí. Nada absolutamente inédito, completamente disruptor, flagrantemente chocante.
Além do conhecimento obviamente extenso, ele apenas tem ordem ao falar, uma honestidade brutal e compaixão. As pessoas estão sedentas de significado.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com