ARTICULISTAS

Novos Tempos, Novos Termos

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 26/08/2025 às 18:17
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– Há quanto tempo! O que anda fazendo?

– O meu blog viralizou. Daí comecei um podcast que está bombando. Chato é que tem muito troll, mas eu monetizo os haters.

Estão aí algumas frases que ninguém entenderia há 40 anos. Não apenas os termos seriam desconhecidos, mas todo o conceito. E, provavelmente, quem tentasse decifrar a mensagem acharia que algo de muito estranho teria acontecido, para estarem caindo bombas. De igual modo, um jovem da terceira década do século XXI tampouco decifraria o que se segue:

– Eu sabia apenas o nome da menina que conheci na festa. Peguei a lista telefônica e liguei para todos os números com aquele sobrenome. Gastei um dinheirão com fichas e arrumei uma confusão com os vizinhos, porque ocupei o orelhão a tarde toda, mas consegui! Pena que o esforço foi em vão; levei um fora homérico; agora estou na fossa.

Lista telefônica? Fichas? Orelhão? Fossa?

Ok, fossa é mais antigo, mas ainda compreensível. O pobre apaixonado teve que comprar as tais fichas – umas moedas com ranhuras, as quais tinham que ser introduzidas num telefone público, o qual era protegido por uma estrutura semelhante a uma grande orelha. Telefones públicos eram estrategicamente colocados; um bairro residencial não teria muitos. Se o tal rapaz tivesse ido a uma área de maior movimento, encontraria vários, mas a paixão tem pressa.

Após a rejeição, sentiu-se deprimido, equiparando-se a estar no fundo de um buraco cheio de... enfim. Universal e atemporal é o sentimento. Antes era uma paixonite, hoje é um “crush”. Se antes a motivação o levou a inspecionar um catálogo telefônico – livro que mais parecia uma bíblia de nomes, endereços e números de telefone –, hoje, certamente, passaria horas percorrendo as redes sociais da amada prospectiva para aprender tudo sobre ela.

Antes, o doxing era universal. Quem tinha telefone e não queria ter sua informação pessoal divulgada tinha que o solicitar expressamente à companhia telefônica, mas poucos o faziam. A operadora de telefonia fazia o nome do assinante aparecer duas vezes na lista: em ordem alfabética e na lista por ruas. Dessa forma, conseguir dados para enviar material publicitário era facílimo, questionável se era efetivo. Mas muita gente fazia questão de ler tudo, era um quase-entretenimento.

Os tempos estão mudando, muito e rápido; melhor acompanhar a toada, ainda que com aquele apreço nostálgico por tecnologias antigas, digamos, uma tecnostalgia.

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