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O dia em que não houve jogo

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
AnaMariaLSVilanova@gmail.com
Publicado em 22/11/2023 às 18:25
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Espetáculo, em matéria de evento esportivo, é uma partida de futebol no estádio do Benfica. Sempre que esse time está jogando em casa, a mascote da equipe, uma águia bem treinada, dá uma volta sobre o campo e a torcida.

Nem precisava. Sendo o Benfica um dos três grandes times nacionais, junto com o Sporting e o Porto, os apoiantes sempre comparecem, e a animação é garantida. A vitória, nem por isso, mas sempre ficam as lembranças.

E torcedor digno do nome está com o time nos bons e maus momentos, para o que der e vier. Mesmo quem não pode estar lá pessoalmente prestigia a transmissão, e dá para seguir o placar só pela gritaria de alegria ou desespero dos vizinhos.

Pois, um dia, pouco antes do pontapé de partida nesse cenário inspirador, o jogo foi cancelado. E não foi nenhum dos adversários da noite que provocou o inesperado desenlace; foi a Proteção Civil.

Começou a ventar muito, mas muito forte. Os peritos no local avaliaram a situação e diagnosticaram que o risco era demasiado alto. Decisão tomada, passou-se à ação. Incrédulos, os torcedores, que já ocupavam os respectivos lugares foram, educada e firmemente, convidados a sair.

Dois minutos depois que desocuparam a área, parte do teto desabou sobre uma secção. Se ainda houvesse alguém lá, seguramente sairia ferido. Se contarmos com o inevitável pânico que se segue em situações desse tipo, poderia ser até bem pior.

Pouco depois, uma repórter entrevistava um interlocutor da Proteção Civil e comentava que tinha sido “uma sorte” não haver mais pessoas na área atingida. No que foi, de novo, educadamente, corrigida. Não foi sorte; foi preparação.

Desnecessário dizer que resoluções desse tipo não são populares. Provavelmente, no período de tempo entre a liberação da área e a queda do teto, muita gente deve ter pensado que era um exagero, imagina, nunca aconteceu nada, e todo o mundo queria ver o jogo. Pois é...

Ainda bem que há gente assim no mundo. Tomar decisões desse tipo requer, além de preparo e conhecimento, uma grandessíssima dose de coragem. E o jogo? Foi adiado alguns dias e já ninguém lembra quem ganhou, mas a torcida vai bem.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com

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