A igreja de Santa Maria Madalena, em Lisboa, é belíssima. Como muitas outras igrejas da cidade, seu interior coberto de arte sacra convida à contemplação. Mas apenas essa igreja tem uma certa exposição. É coisa pequena; na prática, uma sala modesta, quase ao lado do altar.
Chama-se “Quem é o Homem do Sudário” e mostra fatos e evidências sobre o famoso pedaço de tecido que teria envolvido o corpo de Cristo depois de sua morte, até a ressurreição.
Para não deixar dúvida, logo ao entrar, a estátua de madeira sobre a mesa branca já chama a atenção e conta a história toda, em detalhes chocantes. É uma réplica da estátua de Luigi E. Mattei e reconstrói o corpo do homem do sudário.
Vigoroso, não parece ter 1% de gordura, com certeza alguém acostumado à vida em movimento. E as feridas são tantas! O nariz quebrado, uma chaga aberta no peito e os furos nas mãos e nos pés.
Na exposição, também, fica-se a saber sobre os muitos estudos e análises feitas ao sudário. Em geral, a maioria das pessoas lembra somente daquele feito no final dos anos 80 que teria, decepção, datado o sudário na Idade Média e só isso já o desqualificaria como relíquia sagrada.
O problema é que não recebeu publicidade alguma a retratação feita em 2017, em que uma das universidades participantes diz, claramente, que as conclusões originais não podem ser mantidas. E ainda há muitos que repetem a informação superada, espalhando fake news por aí.
Se nenhum estudo consegue dizer o que é exatamente o sudário, pelo menos deixam claro o que ele não é. Não é, por exemplo, uma pintura. Até o momento, nenhuma tecnologia humana conseguiu reproduzir a impressão delicada, muito menos com seu efeito holográfico.
Foi o fotógrafo Secondo Pia que, na solidão do seu estúdio, primeiro viu o fenômeno. Tendo tirado fotos do sudário, ao olhar o negativo fotográfico, viu o “positivo”: o rosto marcante olhando-o em três dimensões.
Seja ou não a mortalha sagrada, o sofrimento excruciante do homem do sudário reflete a descrição da paixão. Impossível seguir indiferente ao ver o resultado da batalha final e tudo o que foi suportado por amor a nós. Vale a visita.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil; cinéfila; ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com