Padre Jason Charron é muito ativo na sua comunidade. Vivendo na América do Norte, mas vindo da Igreja do Oriente, a causa ucraniana é-lhe especialmente cara e ele fala sobre o assunto com clareza e sem timidez.
Pode ter sido um dos motivos por que ele foi convidado a fazer a abertura de um evento no sábado, na Pensilvânia, Estados Unidos. Antes de dar sua bênção, ele se encontrou brevemente com a estrela da tarde, o candidato ao cargo mais alto do país. Foi quando teve ocasião de trocar algumas palavras e observar a energia do homem, com ótima impressão.
Padre Charron subiu ao palco e falou à multidão, que respondeu entusiasmada. Sem planos de ficar para o restante do evento, despediu-se de todos, depois da bênção, e se encaminhou ao próprio carro, planejando partir.
Ainda foi parado por vários paroquianos, que lhe fizeram perguntas sobre o que havia dito, sobre o dia, o candidato que vinham ver, a situação geral, enfim. Ao que ele respondeu, aconselhando-os.
Padre Charron descreve os minutos que se seguiram como de caos e mais caos. Ouvem-se tiros. Foi uma tentativa frustrada contra a vida do candidato. O atirador foi abatido e a história quase mudou radicalmente. O postulante à presidência está ferido, mas vivo, e levantou-se, literalmente, lutando. Há muita informação desencontrada e desconhecimento sobre a real ameaça. Falava-se em “atiradores” e, talvez, mais vítimas. Ninguém estava seguro.
Infelizmente, um participante do evento, protegendo a família, colocou-se na linha de tiro e, apesar dos esforços locais, não resistiu. Era um bombeiro aposentado, mentalmente preparado para se colocar em risco para proteger e salvar outros. Deixa esposa e filhas.
Ainda antes dos tiros, o conselho do padre Charron aos seus diligentes paroquianos foi: “Rezem por ele”. Padre Charron comenta que, antigamente, havia muitos mosteiros, com dezenas de milhares de fiéis rezando por tudo e todos, inclusive pelos líderes dos países do mundo.
Faz sentido, claro, se pensarmos meio minuto na enorme responsabilidade e grande preço pessoal que eles pagam. Independentemente do espectro político, lugar e alcance, pedir discernimento e proteção para quem controla tanto e tantos, sempre é bom. Cabe a todos.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com