Joana (nome fictício, história real) era uma ótima gerente de recursos humanos, bastante buscada pelo mercado. Recebia propostas de emprego regularmente até que, afinal, uma lhe pareceu atrativa. Arriscou, aceitou.
Novidade na nova colocação: além de responsável pelo departamento de recursos humanos, também estaria a cargo da segurança do trabalho. Era uma empresa familiar, porte médio, de muito sucesso.
Entre as medidas a implementar, havia uma meio antipática. Uma análise de risco indicava a necessidade de os carros passarem a estacionar de marcha à ré naquelas instalações. É prática comum em áreas de riscos químicos, entre outros, mas novidade naquele caso.
A empolgada Joana começou a passar a palavra, divulgando o novo procedimento, sem muito sucesso. Muitos ignoravam, passiva ou agressivamente, conforme o grau de discordância que sentiam, ou importância que davam ao assunto. Hora de repensar a estratégia.
Joana encontrou um momento na agenda do dono da empresa para lhe pedir ajuda. Muito solícito, ele ouviu a explicação sobre a importância de aderir à nova norma e, mais, sobre a necessidade de ele dar o exemplo.
No dia seguinte, ao chegar, ele manobrou seu carro de acordo com a nova prática. Estacionou de ré, e assim o carro ficou o dia todo, e todos os dias a partir dali.
Milagre da multiplicação: um a um, os diretores passaram a fazer o mesmo. Os gerentes foram atrás e, rapidamente, estacionar de frente passou a ser visto como estranho, inadequado, esquisito. Todo mundo estaciona de ré!
Sem forçar, sem se desgastar nem perder os cabelos tentando convencer um monte de gente, Joana usou o poder do líder para promover uma mudança positiva. Boa notícia.
A má é que o mesmo poder pode e é usado para o lado contrário. Um líder que se comporta mal e, ainda mais, justifica o que faz envia uma mensagem claríssima aos seus liderados: isso é o que eu espero de vocês.
Vale para qualquer grupo humano, seja a família, empresas, inclusive grandes organizações e até países. Explica muita coisa por aí.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com