Até meados dos anos 90, havia jornais e havia diários pessoais; não se mesclavam. Jornalistas profissionais escreviam em veículos de renome e qualquer pessoa escrevia suas notas, para reflexão e, talvez, visita posterior, quando muito. Daí veio a internet.
Por algum tempo, a tecnologia pouco amigável só permitia a uns poucos construir um website, que, basicamente, repetia o formato em papel. No começo, ninguém dominava a linguagem virtual. Com a simplificação, registros pessoais começaram a aparecer em alguns “web log” (registro na rede), logo abreviados “blog”. Foi quando tudo começou a explodir.
Muitas opções foram aparecendo, até chegar aos ambientes virtuais muito fáceis de lidar e com inclinações bem definidas, seja para conteúdos densos ou leves, em imagem ou texto.
Num desses ambientes, esta semana uma mulher publicou um vídeo dela mesma preparando o próprio bolo de aniversário, para que seus filhos pequenos a pudessem homenagear na data, mãe solteira que era. E chorava, deprimida.
Foram tantas visualizações e reações que, dias depois, apareceu o ex-marido com uma espécie de resposta. Diz que conseguiu a guarda dos filhos na Justiça por merecimento e que ela não é uma desamparada, sem apoio. Está feito o debate.
Muita gente virando o canhão para um lado e para outro e, obviamente, a mulher já publicou sua réplica. Mais complicações, agora alega que o ex-pertence a uma seita. Fala também de abuso psicológico e assédio, que explicariam a perda da guarda dos filhos.
Quem tem razão? Saberemos, um dia? Quem se importa? Pelo jeito, muita gente. Esse fim de semana estreou o mais recente capítulo da saga “Mad Max” (Furiosa: Uma Saga Mad Max), garantia de qualidade do diretor George Miller, que nunca nos deixou na mão e, há poucos anos, entregou-nos o espetacular “Fury Road” (Mad Max: Estrada da Fúria). E o povo não foi ao cinema; estreia decepcionante para o nível do filme.
Enquanto isso, o público espera o desenvolvimento da pequena e improvisada saga do ex-casal, que não tem roteiro, produção, direção, nem data de lançamento, muito menos marketing, publicidade ou mesmo uma previsão de temporadas e episódios. Imprevisibilidade total.
Será que é isso que o povo quer agora?
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com