Como previsto, outubro segue uma loucura total. Enquanto, no Brasil, os prefeitos que ainda não foram eleitos se enfrentam em debates, nos Estados Unidos é só emoção. Muita gente pensa que só existem dois partidos por lá, os democratas e os republicanos, mas não é o caso. Há muitos, de variadas correntes políticas, porém apenas esses dois são competitivos.
Eles costumavam compartilhar valores básicos muito similares, inegociáveis, aqueles escritos na Constituição, como, por exemplo, o direito de se expressarem livremente. Não mais. Agora há quem considere que há demasiada liberdade; melhor dar uma controlada nisso aí.
Outra tradição importante, e que foi quebrada neste ciclo eleitoral, aconteceu no “jantar Al Smith”. Esse é um evento beneficente anual, um jantar de gala, cujos fundos são destinados a entidades de caridade católicas.
Todos os anos, participantes de peso comparecem e, quando há eleições presidenciais, os dois grandes contendores, normalmente, estão lá. A tradição é que ambos se dirijam à plateia, de forma leve e, importante, autodepreciativa. Piadas? Sim, obrigatórias, mas, unicamente, à custa do próprio palestrante.
Pois, este ano, um dos aspirantes à Casa Branca não foi. A democrata Kamala Harris apenas mandou um vídeo com tom equivocado, em que contracenava com uma atriz representando um estereótipo ridículo de “menina católica”. A plateia viu tudo meio incrédula com a falta de noção, e uns poucos aplaudiram protocolarmente.
Para piorar, Harris, no dia seguinte, seguiu sua campanha e, enquanto falava ao público, ouviu um “Jesus is Lord” [“Jesus é (o) Senhor”] vindo do povo, ao que respondeu “Vocês estão no comício errado. Seu lugar é naquele outro pequenino, ali do outro lado da rua.”
A esta altura, é de se perguntar se ela pretende, voluntariamente, conseguir que nenhum cristão vote nela. Depois de afastar os católicos, deixou claro que nenhuma denominação cristã pertence ao grupo dela.
Bem, assim é outubro. Com erros e acertos, dias melhores; outros, nem tanto, uma montanha-russa de emoções com uma novidade a cada dia, para entretenimento dos internautas, que não votem em nenhum dos pleitos, mas estão aí para torcer. Vem, novembro!