The Chosen

Seguindo a surpresa total que foi o sucesso do filme “Sound of Freedom” (Som da Liberdade, 2023), o idealizador do projeto Eduardo Verástegui tem concedido entrevistas, agradecendo ao estúdio que possibilitou a divulgação do filme.

Quem salvou a distribuição foi o Angel Studios, conhecido por outro feito: colocar de pé o maior “crowdfunding” da história (a popular “vaquinha”), para financiar uma série. O tema não era nada de novo nem original: conta a história de como um certo carpinteiro nazareno conseguiu mudar o mundo, começando com um pequeno e muito desengonçado grupo.

Olhando tudo a distância, com os olhos do século 21, nem se pensa muito em certas passagens, como: Quando se dizia que alguém era de Nazaré, o que pensavam as pessoas? Isso era relevante, por quê? E por que mencionar que um personagem era coletor de impostos? Ele era um funcionário público, qual é a importância disso? E aquele grupo que passou a noite pescando, era normal isso? E a mulher que ia buscar água no poço ao meio-dia?

Em um trabalho impecável, apresenta-se o contexto da época e vê-se o sacrifício brutal de cada apóstolo e dos seguidores em geral. Propõe-se, em linguagem coloquial, às vezes até demais, como teriam sido as discussões internas do grupo que se esforçava para apreender a mensagem do Messias.

O título “The Chosen” pode ser traduzido como “O(A) Escolhido(a)” ou “Os(As) Escolhidos(as)”. A série está disponível na plataforma do estúdio, inteiramente grátis, com legendas em várias línguas. Já foram lançadas três temporadas; a quarta está em execução. Quem quer, e pode, contribui para a concretização dos episódios à frente, num sistema de pagamento adiantado (pay-it-forward) em que se paga para que outras pessoas possam desfrutar do conteúdo. E não é pouca gente; o objetivo é chegar a um bilhão de pessoas.

Pela qualidade, tem tudo para chegar lá. Não há como evitar spoilers: todo mundo sabe o que vai acontecer. Mas, enquanto isso, vamos nos apaixonando, sofrendo e sorrindo com o tempestuoso e carismático Simão, o Mateus estilo Sr. Spock, o Simão Zelota, quase saído de um filme de ação; o Tiaguinho, o Tiagão e tantos outros.

Também vemos que, em termos de falcatruas e vigaristas com mais ou menos poder, não há nada de novo neste planeta. E o caminho para sair disto tudo está lá.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com