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Um segundo, um ícone

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 05/08/2024 às 20:00
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A foto já está famosa e rodou o mundo. O surfista brasileiro Gabriel Medina parece voar, de pé. Paira no ar sobre o oceano, com o braço erguido em celebração, seguido por sua prancha, que também aponta para o céu. Gabriel estava comemorando uma onda excelente e a nota conseguida, ultrapassando o adversário e passando à próxima fase da competição.

Enquanto a excelência técnica do surfista é clara, é tentador pensar que qualquer pessoa, tendo a oportunidade, poderia ter conseguido aquela imagem. Afinal, é só apertar um botão e, em um momento, está feito. Será? O fotógrafo Jerome Brouillet enviava suas fotos automaticamente ao patrão, que escolhia algumas para divulgar. Brouillet só ficou sabendo da fama mundial do seu trabalho quando começaram a chover mensagens no seu celular.

Especialista em surfe, Brouillet viajou ao Taiti com a missão de registrar a competição olímpica para a AFP. Ele observou que Medina tinha por costume sair de cada onda celebrando. Entre todos os pontos onde se posicionar, ele escolheu aquele em que teria uma visão clara dessas saídas. Essa decisão tornou mais difícil acompanhar a prova, já que não podia ver o início de cada série, mas, no final, revelou-se acertada.

Experiente, soube logo que a onda em questão era ideal e viu que o surfista tinha se saído muito bem, provavelmente sairia feliz. De fato, Medina sentiu o mesmo, por isso a pose heroica, o número um com o braço em riste.

Fotografia profissional envolve um fino e preciso ajuste de câmera. Tempo de exposição, abertura e sensibilidade têm que ser delicadamente combinados, considerando mil fatores, desde a luz até o resultado que se pretende. Em uma situação rápida, e que não se repetirá, é que se vê a competência do fotógrafo. Quando chega a hora, tem que estar tudo perfeito.

Quatro fotos foram tiradas, uma das quais, a famosa e, agora, icônica. O próprio fotografado também a publicou nas suas redes sociais, para aumentar a admiração geral.

Brouillet disse que credita o sucesso da empreitada a uma combinação de “experiência, senso de oportunidade e um pouco de sorte”. Quanto a aproveitar os louros da fama, fica para depois. Ele segue o trabalho e precisa dormir e acordar cedo para ser capaz de passar o dia diligentemente registrando cada etapa da competição, que continua. Está explicada a sorte do profissional.

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