Suponha-se uma situação em que necessitamos da atenção de alguém.
Nada grave. Algo como pedir uma informação, uma explicação curta, sem nenhuma dificuldade, mas que requer atenção exclusiva por alguns minutos. A quem interrompemos? Ao trabalhador, com uma enxada na mão, empenhado na terra em que labora? Ou ao funcionário no seu escritório, absorvido nas linhas à sua frente? A maioria das pessoas prefere parar, se necessário, o fulano sentado, quase imóvel, e que só tem que levantar os olhos um minuto e depois pode voltar aos seus pensamentos.
Assim consideramos o trabalho mental. É trabalho? Claro que sim. Mas não se compara ao trabalho “de verdade”, em que se tem que envolver o corpo, mover coisas, fazer força, mudar a paisagem ao seu redor. Que engano, Senhor!
Trabalho mental é trabalho, demanda esforço e gera cansaço. Como tal, precisa de preparação e planejamento. Com a prática, melhora. Pede pausas ao longo do caminho. Sabe-se que, para certos tipos de aprendizagem, uma noite de sono faz mais que muitas horas de repetição.
Assim também é a dor. Quando é física, exaure e esgota, demanda tempo de recuperação em repouso. Quando é mental, pode ser até mais extenuante e, mesmo depois de muito tempo, seguir castigando o portador.
Basta voltar a mente à situação e, pronto, revive-se tudo, mais uma vez.
Em qualquer caso, há que se olhar para a dor e lidar com ela. Tomar tempo e energia para reconhecê-la, definir estratégias e levar avante o plano, da melhor forma possível.
Não fazer isso pode significar, no caso da dor física, mais sofrimento ainda, pela antecipação e contração muscular. No caso da dor mental, um sequestro emocional e sentimentos de derrota, que não vão levar a lugar algum.
Vai passar. Sempre passa. Até lá, pode não haver solução, mas, em algum lugar, deve existir um alívio possível. Pelo menos tentar que a situação não piore tanto. Já é lucro.
É questão de encontrar o “gênio da lâmpada” interior, bater um papo com ele, ver as opções, pesar pros e contras e seguir adiante. Não há o que temer. Quem tem Deus ao seu lado, encontra o caminho.
Que cada um encontre seu Aladim residente.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com