Imagens assustadoras de uma escola em Luisiana, Estados Unidos, apareceram na TV. Brigas generalizadas obrigaram à intervenção da polícia e, em poucos dias, mais de vinte alunos foram presos. A situação parecia fora de controle.
Em meio ao fervor que naturalmente emerge em situações assim, um grupo de pais decidiu agir. Mas o que poderiam fazer? Ir à escola.
Esses genitores preocupados, cerca de quarenta, se revezam em grupos para, simplesmente, aparecerem na escola todos os dias e interagirem com os estudantes. Não apenas com os próprios filhos, com os alunos em geral.
O impacto? Desde que o time de “tiozões” começou a passear pelos corredores, não houve mais problemas. Perguntados, os estudantes dizem que faz diferença, embora não consigam explicar muito bem por quê. A energia mudou; a escola está feliz.
Que tipo de treinamento tiveram esses pais, que não são educadores profissionais nem conselheiros, mentores, nada do gênero? Nenhum. Segundo seu próprio relato, o que eles mais fazem é contar “daddy jokes”, (piadas de pais), algo como o que nos diria o “tiozão do pavê”. Aquelas piadas tão ruins que são boas e a gente ri, parte por educação, parte pelo entendimento compartilhado da sua má qualidade.
Claro que, se apenas contar anedotas apatetadas fosse solução, facilmente alguém proporia um aplicativo com um milhão delas, e os próprios alunos e funcionários da escola resolveriam o problema rapidinho, contando-as uns aos outros. Obviamente, há algo muito mais profundo. São pais, e se importam. Os jovens sentem.
Já se disse que saber é apenas parte das competências necessárias para se chegar a resultados. A motivação interna, o valor que cada pessoa confere ao assunto, é o que pesa decisivamente no sucesso de qualquer empreitada. Não apenas leva a um esforço maior, mais constante, mais atencioso, porém, a energia que gera ao seu redor é outra. Amar faz diferença.
Bom mesmo é quando tudo se coordena, como nesse caso. Entre a equipe escolar e a patrulha paterna, sorte desses alunos, com tantos olhos esperançosos sobre eles.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova - Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica AnaMariaLSVilanova@gmail.com