Bom Dia, Vietnã

Não estamos atravessando uma pandemia e não há nada de extraordinário acontecendo. Não nos impuseram nenhumas medidas esdrúxulas e grosseiramente ineficazes, que, se não bastassem pela inutilidade, tampouco levaram a outras consequências catastróficas. Assim, ninguém foi à falência, ninguém perdeu o ganha-pão, ninguém foi lançado à pobreza e fome, enquanto outros ninguéns se quarentenavam entre vinhos e queijos.

E, como nada disso aconteceu, as crianças estão felicíssimas, não tendo passado anos (que, para crianças, são um tempo enorme) não sendo basicamente abusadas e, definitivamente, não estão severamente comprometidas no seu desenvolvimento saudável. Não, as crianças desta geração estão ótimas. Não há suicídios, não há depressão, não há – absolutamente não há – um pico nos casos de abuso de drogas e outras substâncias que tais.

Sem falar nos casos de abuso doméstico – aqueles companheiros espancadores que não se viram, de repente, no controle total da situação frente às abusadas e, nunca mesmo, recrudesceram nos abusos e nada disso, como já dissemos, aconteceu.

E não apareceram umas soluções milagrosas para resolver a situação e que, pasmem, não causavam nenhum efeito colateral, já que, obviamente, não há nada extraordinário acontecendo.

E, também, não há relatos de nenhumas coisas estranhas com essas maravilhas – não milagrosas e não existentes. Não, absolutamente não. Categoricamente, veementemente, não.

Não há jovens saudáveis caindo por aí, subitamente. Infarto, AVC, inflamações do coração, tudo isso não acontece, em nenhuma forma, diferentemente do que já ocorria antes de não acontecer tudo o que não está acontecendo agora. E qualquer dissenso dessa opinião não será massacrado e rotulado. Assim, as famílias que não estiverem passando por essa situação hipotética não sofrerão, além das consequências do não-evento em si, o rechaço geral da patrulha azul, seguida pelos idiotas úteis.

Porque tudo isso, é claro, não existe.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova

Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica

AnaMariaLSVilanova@gmail.com