ARTICULISTAS

Como não influenciar pessoas

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 18/07/2022 às 19:27Atualizado em 18/12/2022 às 20:49
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Toda aprendizagem é autoaprendizagem. Um professor, treinador ou influenciador fala e mostra muitas coisas, mas a capacidade de alterar o próprio estado íntimo e aceitar aquele conhecimento depende, fundamentalmente, de o receptor acolhê-lo e incorporá-lo.

É por isso que repetir a mesma peça de informação várias vezes não adiciona nada. Se o argumento não foi aceito à primeira, é bem possível que outro seja necessário. Ou, mais provável, alguma ação. Ou, ainda, talvez o momento não seja o adequado. Sem contar que o influenciador em questão pode estar equivocado e, afinal, seja ele o que tem algo a aprender. Assim é o mundo, qualquer pessoa razoável entende.

Por isso é cansativo quando alguém, convencido das próprias boas intenções, tenta converter todos à sua volta às suas causas, à força de pregações esgotantes e pequenos e constantes atos passivo-agressivos.

Como provocar uma pequena revolução a cada almoço, negociando alterações sem-fim com o pobre garçom, deixando bem claro que tudo isso é porque se é puro de estômago. E, quando ditas alterações não são possíveis, abrir mão de tudo, proclamand “vejam como me sacrifico por vocês”.

Ou dirigindo todas, absolutamente todas as conversas para uns certos temas (sistema político? alterações climáticas? matriz energética? Quanto mais polêmico, melhor.) e, importante, nunca ouvindo a opinião de ninguém.

Aliás, para resolver isso logo de cara, declarando que qualquer pessoa que não está 100% de acordo é egoísta ou ignorante. O que se diz depois disso? Acenos educados, e muda-se de assunto. Ou tenta-se, mas não é fácil.

E, quando todos estejam honrando o salário e tentando trabalhar e fazer o melhor para toda a equipe, interrompendo tudo para arrecadar todos os recicláveis na sala, proclamando que vai se recolher tudo para levar ao ponto de coleta correto, que está muito longe, quase se ouve: seus plebeus ambientais!

Conclusão de uma semana assim: vontade de comer um churrasco, ver filmes bobos para comer pipoca e, estranhamente, coisa nunca antes feita, jogar lixo na rua. Exagero, é claro, foi só churrasco e filme. A rua não tem culpa.

Isso é quase uma influência inversa; chegou exatamente do outro lado que pretendia. Parabéns a todos os envolvidos.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova

Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica

AnaMariaLSVilanova@gmail.com

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