O adorável livro “Casa de Muitos Quartos” (Rodello Hunter, 1965) conta a história de uma família no oeste americano na virada do século 19 ao 20. Entre as muitas histórias, uma interessante.
No aniversário de casamento do casal (bodas de ouro, ou mais) um candidato, político local, apareceu na festa e pediu a palavra para se apresentar, já que no comício convocado para a mesma hora da celebração não havia ninguém. Palavra concedida, o dono da casa, então, explica por que é filiado a determinado partido.
Por muitos anos, ninguém na cidade tinha preferência por ideologia A ou B. Com isso, cada cidadão votava mais ou menos conforme o momento, frequentemente por simpatia a uma pessoa. O resultado é que projetos importantes ficavam pelo meio do caminho, porque não havia continuidade, não havia um projeto maior de um grupo de pessoas com fundamentos claros e um plano definido.
O pastor, então, num domingo, explicou a toda a congregação as vantagens do sistema bipartidário e da necessidade de haver situação e oposição, de forma a levar adiante plataformas importantes, ao mesmo tempo em que se mantinha um escrutínio.
Isto posto, passou em seguida à ação prática e declarou:
- A partir de agora, vocês aqui, deste lado, são do partido A e vocês, do outro lado, são do partido B.
Tendo combinado tudo muito certinho, foram todos para casa e seguiram com sua vida normal, agora com posições definidas no espectro político. E, de fato, foi possível observar uma constância maior no progresso dali por diante, com a organização por grupos.
Essa divisão tão pacífica só foi possível pelo fato de todos terem um fator em comum: valores fundamentais, profundamente arraigados em cada membro daquela paróquia.
Voltando aos tempos atuais, esta semana são as reflexões finais antes de os brasileiros irem às urnas e, nesse canto protegido e venerado, fazer sua opção de governo para os próximos quatro anos.
Quanto mais difícil a decisão, quanto mais nebulosa a situação, mais premente é recorrer ao fundamental para nos guiar. No caso, para onde nos leva cada opção? Que mundo enxergamos ao fim dos próximos quatro anos, e além? Em que valores estamos votando?
Boas escolhas e que Deus abençoe a todos!
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com