Nós nos esforçamos. Tentamos fazer uma pequena diferença a cada interação pela vida afora. Cuidamos das próprias responsabilidades o melhor possível. E erramos, quem não erra? Mas o importante é reconhecer, tentar reparar e fazer melhor da próxima vez. Com um pouco de reflexão, chegaremos ao fim disso tudo com saldo positivo.
Cuidamos das nossas casas, seja a de tijolos, seja a de almas. Criamos os filhos, mantemos um teto em condições para eles. Mandamos à escola, corrigimos em casa, convivemos com as consequências dos castigos impostos, sabendo que, no futuro, tudo será compreendido.
Claro que tudo isso custa, e muito. Assim, controlamos cada centavo que entra e sai. Isso é caro ou barato? Depende. Traz benefício? É duradouro? Então é barato, ainda que o dispêndio seja maior. É supérfluo? Ou pior, traz, ou leva, a algum tipo de vício ou mau hábito? Então, é caríssimo, ainda que custe quase nada.
Assim, a discussão é mais sobre o que cabe, ou não, no orçamento do mês, do ano, da vida. Nada levamos daqui. Não vale a pena o acúmulo só pelo gosto de ter uma caixa-forte, como a do Tio Patinhas. Porém, reservar uma parte para gastos futuros, investimentos ou emergências é simples bom senso.
Fazendo isso, condicionamos todo o sistema. Se estamos em fase próspera, investimos mais ou nos permitimos algum luxo. Tudo gira mais, e mais rápido. Se os tempos estão bicudos ou se há prenúncio de vacas magras, somos mais comedidos, pensamos mais antes de decidirmos e, se calhar – afinal chegamos à conclusão de que o gasto não era tão importante assim –, fica para o futuro, talvez. Ou não.
Aqueles investidores maiores, que movimentam grandes fortunas, assistem a todos esses movimentos e reagem de acordo. Ninguém vai aplicar dinheiro em nada, enquanto o cidadão comum não estiver em paz, confiante em colocar seu suado dinheirinho para rodar.
É quando vemos nas notícias que o “mercado caiu”, está “sem confiança” e parece estar, mesmo, fugindo do País, para paragens onde a luz seja mais abundante. Acham mesmo que o mercado é um Tio Patinhas, sovina e egoísta, só pensando em acumular mais e mais.
Mas não. Estão falando mal é das nossas escolhas prudentes e decisões pensadas. O mercado é você.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com