Imagino o que cada habitante, no declínio do antigo Império Romano, pensava, vendo o sistema todo colapsar ao seu redor. Se calhar, algo como “é o fim”. Não foi.
E aos sortudos a quem calhou a Idade Média, provavelmente tudo lhes parecia uma sucessão de crises. Houve muitos avanços na época, porém hoje são menos comentados, frente às más lembranças. Passou.
Outras épocas vieram e se foram, muitas crises, algumas incitando rupturas definitivas, que levaram à criação de novos países. Para quem fica, resta a tarefa de compreender o ímpeto dos que se vão, convivendo com sua ausência. Para quem parte, incertezas, muitas dificuldades e, de vez em quando, o vislumbre de um caminho melhor. Pois é por aí que vamos.
Certa vez, o CEO de uma empresa em que eu trabalhava nos disse que “empresas são bichos estranhos”. Um monte de gente, mais ou menos querendo a mesma coisa, cada qual com sua visão particular de como chegar lá. Cabe aos líderes direcionar a coisa toda, mesmo assim, pensando bem, é um feito.
A conclusão dele e a mensagem que queria passar eram de que cada funcionário deve ter uma vontade de não apenas realizar coisas, mas ser excelente, além do mero cumprimento de obrigações. Só assim as organizações avançam, com o esforço de cada trabalhador.
Porque sempre haverá forças furiosamente contra o que você está tentando fazer. Sempre. São apenas humanos sendo humanos. Seremos imprecisos, temerosos, errados, motivados, bem-intencionados e quanto mais.
No meio da confusão toda, algumas ideias se concretizam. A maioria, não. A história não acaba. Logo é segunda-feira e começamos de novo. Já o sabiam os romanos antigos, os medievais, o time do coração e o sambista que disse “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.
As grandes conquistas, assim como as falhas espetaculares, têm em comum terem começado como ideias. Como saber aquelas pelas quais vale a pena lutar? As que vão chegar lá?
Não sabemos. Aí a beleza e a agonia diária. A única certeza é de que, se permanecerem como pensamentos, sem chegarem a se expressar no mundo cá fora, serão sempre esse desconforto, cutucando para sair, mas nunca haverá um país chamado... (inclua aqui sua ideia).
Ana Maria Leal Salvador Vilanova - Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica - AnaMariaLSVilanova@gmail.com