ARTICULISTAS

Quem faz o quê, por quem?

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 08/09/2021 às 19:14Atualizado em 19/12/2022 às 02:06
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Um grupo discute sua paixão pelo time ou pelos times do coração. Comentam tudo o que fizeram, gastaram, comprometeram para sustentar o apoio à equipe preferida. Fins de semana dedicados, uniformes e lembranças compradas, relacionamentos negligenciados – tudo para ver aquele time ganhar. Mas que time, especificamente, merece tanto envolvimento? Cada membro do grupo tem o seu preferido; o importante é que ganhe.

Será? Nem sempre. Aliás, pensando bem, mais perdeu do que ganhou. Não fosse assim, teríamos um campeão, e somente aquele, todos os anos. Mas o fã estava lá. Na vitória, a felicidade. Na derrota, a justificação, racionalizando o fracasso até os confins da consciência.

A simples explicaçã não jogamos suficientemente bem; o outro time foi melhor. Mais preparo? Mais talento? Mais sorte? Provavelmente, uma combinação de tudo isso.

Porém, seguem dizendo que fazem tudo por aquela bandeira, aquelas cores, aquele hino. De nov será?

Meu time faz tudo por mim – talvez seja uma descrição mais precisa da situação.

No fundo, projeta-se a própria vida naquele conjunto de símbolos. Viver é difícil. Ganhar o sustento a cada dia, sofrer e decepcionar-se, ver injustiças até perder o fôlego, afetos desaparecerem.

Entretanto, se há uma possibilidade de ser feliz a cada fim de semana, tudo fica mais tolerável. Todo o esplendor que falta à existência, ali, plasmado em escala gloriosa, ao vivo e em cores, com comentário profissional e edição selecionada, para maior efeito.

E quando falamos da Seleção Nacional? Nesse caso, torcer é um ato patriota, uma obrigação cidadã. Quando o país vai mal, então, uma questão de sobrevivência.

Superar o rótulo de sermos a “nação do futebol” por excelência, para quase nos esquecermos do assunto quando o país está em jogo, talvez, seja nosso rito de passagem.

Como nação, somos jovens, muito jovens. Estamos passando agora por dores de crescimento que irmãos nossos sofreram há milênios. Parecia insuportável à época; estamos horrorizados agora.

         Mas passou então, e, agora, também passará. Um feliz Sete de Setembro a todos.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova

Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica AnaMariaLSVilanova@gmail.com

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