É recorrente em filmes de viagem no tempo um certo princípio: quem volta ao passado tem que fazer um esforço monumental para não alterar absolutamente nada, nem um detalhe, ou pode comprometer todo o futuro.
Também há o caso de alguém voltar especificamente para promover uma certa mudança. O exterminador do futuro tentou matar o líder da rebelião antes que ela começasse. Mais fácil eliminar uma pessoa do que, mais tarde, lutar anos sem fim.
Fica combinado, então, que as grandes mudanças começam pequenas, solitárias, quase ignoradas. Revoluções do pensamento que, ao fim, arrastam multidões, nascem num insight perdido, num momento testemunhado por quase ninguém. Seguem-se ações pequenas, constantes, até que o movimento ganha força e “explode”.
Um exemplo dos tempos atuais vem de um rapaz que lidera uma pequena revolução nos Estados Unidos. O jovem doutor Corey A. DeAngelis estudou políticas da educação e batalha nessa frente disciplinadamente, estado por estado.
Ele tem um moto básico, que está na raiz da sua atuação: “fund students, not systems”: financiar estudantes, não sistemas. Ou seja, o dinheiro destinado à educação de cada criança vai aonde a criança for.
A escola do bairro é boa? Ótimo, criança e dinheiro lá. O nível caiu? A direção atual não é comprometida? Deixaram de investir em bons professores? Os pais podem transferir a criança para outra escola, sem problema. A verba destinada à sua educação vai junto.
O que isso faz é dar poder aos pais como escrutinadores permanentes do sistema escolar. Eles sempre vão buscar o melhor para seus filhos e são os que vão dizer para onde o dinheiro vai. Como consequência, as escolas trabalham continuamente para melhorar, ninguém quer perder alunos.
As crianças mais beneficiadas são aquelas de distritos mais problemáticos. É uma rede de supervisão e cuidado incrível, com as crianças no centro de tudo.
É até difícil imaginar o impacto dessa ação daqui a dez, vinte ou trinta anos. Grandes atletas, doutores, cientistas, humanitários, desbravadores, que estariam perdidos num sistema sem oportunidade, terão possibilidade de nascer, crescer e brilhar. E o povo, mais sábio.
Fica a sugestão do Doutor.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com