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Um ano muito louco

Ana Salvador
Publicado em 04/03/2024 às 18:18
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Era 1978. Em 28 de setembro, a notícia chocante: o Papa morreu. Quem ouvia a triste nova tentava passá-la à frente, geralmente sem sucesso. Ninguém entendia nada.

O motivo da dificuldade é que havia não muito tempo, em 6 de agosto daquele mesmo ano, isso já era notícia: o novo Papa morreu! Certamente, quem repetia isso quase dois meses depois estava meio atrasado ao se indignar.

Só depois vinha a triste constatação: o novo Papa morreu. João Paulo I teve apenas um mês, ou trinta e três dias, para maior exatidão, como sucessor de Pedro apóstolo, líder da Igreja Católica.

Muito já se falou e especulou sobre esse evento, já que nada fazia prever o enfarte que o levou. Nem a saúde nem a idade nem indícios de qualquer forma.

Um livro vem trazer mais informação, “Murder in the 33rd Degree” (Assassinato em 33º Grau”, 2022, Amazon Italia) escrito pelo Padre Charles Theodore Murr, que vivia em Roma e trabalhava no Vaticano naquela época. Padre Murr compartilhava a casa com outros religiosos, entre eles o Bispo Édouard Gagnon (mais tarde sagrado Cardeal).

Suspeitando de uma infiltração na Igreja, com o fim específico de tentar destruí-la a partir de dentro, o Papa Paulo VI encomendou a Gagnon que investigasse o assunto, tarefa cumprida com zelo e meticulosidade. O trabalho durou três anos.

Infelizmente, o Paulo VI, que encomendou o trabalho, já não era o mesmo quando ouviu o resultado. Alquebrado por problemas de saúde e pelo sequestro e tortura de seu amigo Aldo Moro, Paulo VI preferiu não tomar providências e deixou o assunto para seu sucessor.

João Paulo I decidiu, sim, agir com firmeza, porém na mesma noite em que confrontou uma das sinistras cabeças identificadas, sofreu o episódio cardíaco que o levaria deste mundo.

João Paulo II, querido, saudoso e santo Papa, num primeiro momento, decidiu não atacar a tarefa, tampouco fez caso do aviso de que havia planos para assassiná-lo. Somente depois de sobreviver à tentativa que quase o matou levou adiante as inevitáveis e desagradáveis, mas necessárias, ações.

“Assassinato em 33º Grau” relata a visão de alguém que estava suficientemente próximo para saber o que se passava e suficientemente afastado para relatar tudo sem paixões. Vale a pena a leitura.

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