Quem gosta de eternizar momentos de beleza e emoção? A fotografia tem o poder único de registrar esses instantes.
Nossa fixação por fotos talvez seja herança do papai, que sabia apreciar a arte e a beleza, capturando emoções genuínas, tocando o invisível e o profundo! Mantinha um diário fotográfico semanal, focando não apenas em eventos importantes, mas também em momentos cotidianos, que refletem a essência da vida. Com sua câmera, em preto e branco, que comprou em São Paulo, revelava as fotos à moda antiga.
Na sua atuação como repórter do jornal familiar “O Triângulo”, papai, João Luís de Sousa, tinha como companheiro o profissional fotógrafo João Schroeder, para ilustrar suas reportagens com fotos que até nos dias de hoje primam pela qualidade e continuam perfeitas. A tiracolo, íamos nós duas, e nesses vários momentos éramos fotografadas. Desse modo, a fotografia nos acompanhou desde a infância.
Nas conversas ao pé do ouvido dos dois, ligávamos as antenas no volume máximo e os ensinamentos do professor fotógrafo eram inspiradores e certeiros. “Temos que olhar o fundo do cenário.” “Temos que nos colocar contra a luz. ” – dicas de um artista.
A arte de fotografar tem o poder de capturar e preservar momentos preciosos em detalhes, criando uma ponte entre o passado e o presente. Muitas vezes, além do registro visual, é uma forma de explorar e revelar o invisível através das lentes.
Verificando fotos de crianças, Ani ficava quase sempre à esquerda e eu, à direita. Mamãe queria a foto perfeita e eu, com a mãozinha esquerda, sempre tombava o que carregava. E ela falava… falava… falava... Depois da descoberta, foi um alívio! Papagaio!
Antes, tirar fotos era para poucos, tinha que ter sua máquina e depois mandar revelar. Hoje, a fotografia está ao alcance de todos. Historiadores de Uberaba contam a história macabra de um casarão bonito, no centro de Uberaba, que foi demolido, na esquina da rua Santo Antônio, sem registro fotográfico algum, como se tivesse desaparecido não apenas fisicamente, mas também na memória visual da cidade. Não existe nem uma única foto do belo casarão. Que sombrio!
Hoje temos iPhones espetaculares, celulares chinfrins, em que é possível tirar fotos usando aplicativos com filtros e Photoshop, embora a beleza da fotografia resida em retratar a realidade de forma autêntica, e não como uma estampa. A tecnologia moderna nos oferece ferramentas incríveis com qualidade impressionante, mas a essência da fotografia vai além da nitidez ou das cores vibrantes. Quem já congelou momentos de emoções e detalhes que representam a verdade daquele momento?
Em Uberaba, atualmente, temos grandes profissionais da fotografia. Ao citá-los, poderia cometer o erro de esquecer nomes significativos de talentos em que a “imagem fala”.
Na carteira do papai, havia uma foto que ele fazia questão de mostrar a todo mundo. Tirada por João Schroeder, na Barragem do Mirante no rio Claro, não apenas imortalizava o momento precioso, mas criava uma imagem impactante: eu, Ani e Eurípedes e toda a paisagem refletida na água. Sua habilidade extraordinária em aproveitar a luz e os reflexos adicionava uma dimensão mágica, surreal, onde cada detalhe era nítido e harmonioso.
Magnífica!
Quem não sente saudades e emoções ao ver uma foto da família reunida? Transporta-nos para momentos preciosos, reacendendo memórias entre o que está congelado no papel e aceso em nossas almas. É como se pudéssemos reviver aquelas ocasiões, sentir o calor daqueles dias, ouvir a risada novamente. É um tributo eterno que define nossa trajetória e as pessoas que nos acompanharam ao longo dela.
A foto é mais que uma lembrança! O poder da fotografia em registrar e eternizar formas sublimes nos leva a compartilhar um pedaço de tempo precioso. Quando revivemos nossas memórias em álbuns, nosso olho mágico mostra o que estava invisível no momento.
Que nossa jornada fotográfica seja de paixão e de momentos de “boa sorte”!
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro
