Açucarado Mês

Quando penso nas necessidades do ser humano, chego à conclusão de que a prioridade é o amor, a única que o move para a felicidade verdadeira. Quem opta por uma vida da razão são pessoas imutáveis, frias, que tornam a vida bem menos prazerosa.

O amor é válido de todas as maneiras: amor entre amigos, amor de pais para filhos, pela mulher amada, amor de amantes, por um animalzinho doméstico, pelos livros, pelo que você gosta.

Agora, no mês de junho, um mês especial, o amor aos santos, sinto que todos precisam destas festas simples, mas verdadeiramente ricas. Festas juninas são tradicionais, com igrejas e praças decoradas. Viva São João, Santo Antônio, São Pedro! Puro amor! Bandeirinhas coloridas, balões, crianças, jovens e idosas colocam flores na cabeça. E lá vamos nós na festiva e acolhedora alegria junina. As barracas de doces enfileiradas, quentão enche nossos copos, canjicada, pé de moleque, bolo de milho, curau, muitos outros. A alma de criança agradece.                

Amigas prontas para a quadrilha dos 8 aos 80 anos ou mais, se têm fôlego, estão misturadas na brincadeira. Ir a festas juninas é reviver e viver momentos inesquecíveis. Ainda tem o bingo e os leilões.             

Torço sempre para que todos sejam insuflados por esse sentimento real, não fantasioso, o amor pela alegria; isto sim é um enorme “barato”. Dia de celebração, São João, 24 de junho!           

Você já conheceu alguém cético, ateu, que sabe a Bíblia Sagrada de ponta-cabeça? Assim era nosso pai. Antes de festejar o “seu dia”, ouvíamos a ladainha: “São João é considerado o santo mais próximo de Cristo, uma vez que, além de ser seu parente de sangue, Jesus foi batizado pelo seu primo João nas águas do rio Jordão. Segundo a literatura sagrada, Jesus iniciou sua missão evangelizadora somente após ter sido ele próprio batizado”. Palavras que papai, todo ano, falava, orgulhoso, por se chamar JOÃO. 

Dia de São João! Dr. João, Seu João, Joãozinho! Papai enchia um quarto de fogos, estrelinhas, chuvas de ouro e prata. Era obrigatória a fogueira no quintal. Meus pensamentos tendem a viralizar quando são associados às boas lembranças de nossas vidas. As recordações positivas têm poder emocional significativo. Gosto de entrar nesse palácio de memórias, gosto de me conectar com emoções de felicidades genuínas. Elas têm a chance de se espalharem e deixarem marcas que se eternizam em nossa mente.

Papai, eu e Ani (iguaizinhas), mamãe vestida de chita, sorrindo; o quintal iluminado, o irmão Eurípedes de chapéu de palha, camisa xadrez e botinas, em volta da fogueira. Pura poesia! Sentimentos inesquecíveis! 

Com esta minha vida adocicada, quero saborear muitos e muitos doces, estar sempre apaixonada pela beleza e alegria das festas juninas, rezas, procissões, novenas e caminhar na quadrilha da vida, tendo em volta uma vida açucarada, de puro amor.

Fico com a vida fantasiosa dos loucos, coberta de sentimentos, e abandono o realismo sem emoção que machuca e empobrece a vida. Somente assim, acredito eu, será possível nos relacionarmos de maneira mais profunda e verdadeira com o AMOR.
Dois beijos...

Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro