Em janeiro, comecei lendo livros que estavam atrasados. Gosto de sempre ter dois ou três livros na mesinha da cabeceira. Aos poucos, vou marcando e rabiscando até concluir todo o livro, que logo fará parte da minha estante.
Adiar trabalhos sem concluir nunca foi hábito meu, nem de minha querida irmã Ani. Sempre cumprimos horários e realizamos tarefas, o que se tornou um hábito em nossas vidas.
Este ano, comecei a procrastinar o momento de desmanchar os itens relacionados ao Natal, mas não deixei mais de dois dias do meu prazo estabelecido. Passei quatro horas arrumando e colocando as decorações natalinas nas caixas. Ao concluir, foi uma recompensa para mim mesma. Tarefas como organizar guarda-roupas, armários, limpar geladeiras, estantes de livros são desagradáveis, mas necessárias.
Quando nossos pais nos deram duas cópias das chaves da casa em que morávamos, aos quinze anos, deram-nos a responsabilidade de enfrentar desafios da vida. Foi um “salve-se quem puder”! Essa liberdade total gelou nosso coração. Passamos, então, a nunca mais ter preguiça e sempre planejar nossos passos, trazendo metas e planos para nossas vidas. Era uma época em que só meninos tinham essa liberdade.
Lembranças de muitos jovens menores de idade que vendiam jornais nas ruas, trabalhavam em ofícios variados com incentivo dos pais, serviços gerais, guardas-mirins, e hoje são homens que ocupam cargos de responsabilidade e nunca foram do “amanhã eu faço”.
A Lei 10.097/2000 definiu como menores os jovens entre 14 e 18 anos, que podem se empregar, desde que em condição de aprendizagem. Como educadoras, e até um pouco psicólogas, lidamos com crianças, jovens e adultos durante a vida e percebemos que criatividade e coragem só se conseguem no estudo e no trabalho. Quanto mais cedo, melhor.
Sempre vimos a vida como uma grande escola que sempre nos deu oportunidades de aprender. Nada vem pronto! Jovens que começam a trabalhar cedo adquirem mais coragem e liberdade e arriscam sempre, dando um passo além e ficando longe da procrastinação. Quando adiamos tarefas, temos que estabelecer metas, prioridades e cumpri-las.
Conhecemos pessoas inteligentes, com grande bagagem literária, que, infelizmente, não conseguem se submeter a horários nem a compromissos, ou gerenciar seu tempo. Talvez por serem perfeccionistas, têm medo do fracasso. Muitos são chamados de preguiçosos e acabam ficando sempre “a ver navios”.
Hoje é natural jovens ficarem em casa com joguinhos na internet, sem horários para estudo, sem obrigações domésticas. Querem alegrias momentâneas, ir ao barzinho sem hora marcada, fazer academia em casa, o que tem gerado a “geração mi-mi-mi” de filhos mimados, alunos sem empatia, amigos de mais ninguém. São imediatistas, egoístas, transformando-se em adultos que não conseguem manter um ritmo de trabalho saudável nem social para seu equilíbrio.
Muitos chamam a procrastinação de preguiça. Ou é uma doença?!... Pense nisso!...
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo