ARTICULISTAS

Amizade não se negocia

Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com ​
Publicado em 29/11/2023 às 18:59Atualizado em 29/11/2023 às 19:00
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Cuidar dos outros é necessário, mas tudo tem seu limite. Terceirizar pessoas é o que mais existe no momento. Nossos pais sempre foram gentis, amáveis e delicados, mas sabiam a hora de “sacudir as pulgas”. Sempre diziam: “Todos nós temos luz e força necessárias para superar tempestades e emoções, mantendo o nosso equilíbrio e libertação”.

Quando recebemos o convite para conhecer a prima paulista e rever São Paulo, para nós foi um prêmio, uma medalha de ouro. Fomos de trem com mamãe na Maria-Fumaça, esbanjando fuligem e poeira. Nossa prima era a única filha de três irmãos, criada com mimos e tudo que desejava. Chegamos radiantes a este convite e nos hospedamos na casa da tia do lado paterno, numa mansão luxuosa herdada dos pais.

Nossa primeira saída foi na avenida Paulista, a prima aos berros querendo levar da vitrine um manequim de 2 metros de altura e que só cessou quando a tia, cansada de “pagar mico”, levou o monumento. A infantilidade total nos seus 15 anos nos assustou. Mantermos a serenidade e o autocontrole em situações escalafobéticas é habilidade para poucos. Queríamos construir um relacionamento de amizade, leveza, amorosidade com a prima, com o devido respeito às nossas emoções.

Brincadeiras de pular corda, como cobrinha, equilíbrio, laçar bezerro, cabo de guerra e outras mais se esgotaram. A barra era pesada! Buscando ganhar o respeito e a confiança da prima, enfrentamos os desafios com suas gargalhadas e hiperatividade. A questão é que não levamos sua inquietação a sério. Nossa resiliência, durante cinco dias, ficou registrada em nossas mentes. Momentos difíceis não podem ser superados de qualquer maneira.

A visita terminou com mimos, presentes, um belo almoço e a tia já combinava com mamãe nosso retorno. Foi nossa libertação. A prima nos mandava lindos presentes insistindo em nos rever, prometendo mil e uma maravilhas. Reconhecemos que não somos diferentes de ninguém. Se no fundo, a prima narcisista tinha sua alegria hiperativa e lhe proporcionamos um envolvimento salutar, esqueceu-se do nosso espaço.

Nossas gotas de felicidade não iriam remediar a situação de seus transtornos emocionais. Problemas são individuais e as mudanças reais devem vir de dentro de cada um, nenhum ser humano pode salvar as dificuldades internas de ninguém. Muitos nesta relação de amizade narcisista não se percebem emocionalmente e se esquecem de outras vidas.

Não quisemos retornar, sabendo que um novo encontro avançaria ainda mais em nossos limites. A prima com a tia que resolvam seu checklist.

Dois beijos...

Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

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