Francamente, você nunca foi confundido com outra pessoa ou comparado com alguém ouvindo: “Você é a cara dele ou dela”?! Sempre levamos em brincadeira, entretanto, essas semelhanças podem trazer consequências negativas. Irmãos parecidos, ao passarem por essa experiência, às vezes ficam desconfortáveis, o que causa constrangimento.
Na Academia de Letras, em Uberaba, ao nos encontrarmos com padre Prata, ele nos dizia: “Ser gêmeo é complicado!...” O sacerdote sempre era confundido com seu irmão, professor dramaturgo Hugo Prata. “Muita gente me para nas ruas para pedir orientações de como combater pragas nas lavouras e coisas afins. Quando prestam atenção, espantados me perguntam: ‘O senhor é o padre ou o professor?’ Uma vez na Universidade, uma aluna com síndrome do pânico passou mal e a levaram até meu irmão, professor Hugo, que estava na sala de aula. Ao pedir a sua bênção, ele imediatamente colocou a mão na cabeça da jovem e a abençoou! Ela se acalmou e, beijando as mãos do meu irmão professor, agradeceu: ‘Amém, padre Prata!’ Ele olhou e fez o sinal da cruz! Não é complicado?”
Eu e Ani, gêmeas idênticas até no modo de agir, achávamos a troca de identidade uma prática divertida e positiva, que nos trazia alegrias e benefícios, sem querer prejudicar nem causar problemas. Em Araguari, cidade de nossa infância e juventude, ao arrumarmos nosso primeiro namorado, tivemos uma ideia de “jerico”. “Vamos namorar em conjunto?!” Foi assim por três anos. A “vela” ficava ao lado e acompanhando o namoro da outra. Quando fui casar, a diversão acabou, pois a verdade teve que ser revelada. Era com Iná que ele namorava.
Sempre que precisávamos de dinheiro, nós o tomávamos emprestado ao banco, uma avalizando a outra. Certa vez, deixei tudo assinado e fui viajar. No dia seguinte, Ani foi pegar o dinheiro e haviam substituído o gerente, que falou gentilmente: “É só vir com sua irmã e refazemos tudo em minutos!” Dançou? Não! Travestiu de Iná e foi à gerência, abonou ela mesma e ouviu do gerente: “Engraçado! Vocês são gêmeas, mas são tão diferentes!”
Sabemos de pessoas presas, assassinadas ou vítimas de violência devido à sua semelhança física, retrato falado, injustiças que ocorrem, tendo que recorrer ao sistema Judiciário! Isso não significa que gêmeos são propensos a enganar pessoas e fazer confusões. As nossas brincadeiras de troca de identidade eram por pura diversão e sempre foram a nossa marca registrada!
A confusão continua!
Hoje, fazendo caminhada, encontrei uma ex-aluna que me perguntou: “Você é a Iná ou a Ani?” Eu respondi: “Quem acha que eu sou?” Ela respondeu: “Ani!” Nesse momento, respondi na primeira pessoa: “A Iná está viajando!”
Ser gêmea é complicado!
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira n.º 4 na Academia de Letras do Triângulo Mineiro