ARTICULISTAS

Deixe as águas rolarem

Iná e Ani
Publicado em 10/05/2023 às 18:43
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Nosso estilo de vida sempre se espelhou na “cola” do papai, um profissional da imprensa, com tia Iná de Souza, que eram dois otimistas! Uma trajetória de reportagens, documentários, artigos no jornal de propriedade familiar. Papai, às voltas com políticos, literatura, artes e musicais, que eram sua paixão.                     

Lembranças inesquecíveis!... Eu e Ani, no aeroclube de Uberaba, sob a presidência de Arthur de Mello Teixeira, assistimos ao batizado do primeiro avião, o que nos deixou deslumbradas, sendo flagradas pela objetiva de Schroden Junior, companheiro fiel do papai. Fizemos de nossa vida, nessa época, um “parque de diversões”, uma verdadeira Disneylândia, com a presença em todas as celebrações e eventos da cidade.

Com o encerramento do jornal “O Triângulo” e a dissolução da empresa familiar, houve uma desestruturação do “poder” em que vivíamos. Ao nos depararmos com o acontecimento, em função do nosso espírito inquisitivo, ação e independência, lemos o anúncio de um emprego e para lá nos dirigimos. Ao preenchermos um questionário, otimistas, saímos com o pensamento positivo e fomos para casa. Encontramos papai nervoso por receber o telefonema do proprietário da indústria sobre nossa intenção, assustado com as duas filhas do jornalista, ainda adolescentes, irem em busca de um trabalho na fábrica. Ao nos ver, papai se comoveu e explicou que iria nos ajudar a preparar um currículo e escolher um trabalho apropriado para nossa idade. Pronto! Nossa fonte de renda para sustentar nossas vaidades caiu por terra. Como comprar o supérfluo que fazia nossa alegria?!

No outro dia, sem tempo e esforço, esquecidas do “entrave”, fomos rever a prima hippie de Goiânia, que sempre trazia novidades culturais e de artesanato. Ela nos passou uma dica valiosa: “A última moda para a moçada, algo único e diferenciado que fica ‘supimpa’”. E lá fomos nós de volta para casa com a caixinha cheia de badulaqueiras com miçangas, pedras, fios, esperanças. Juntando o útil ao agradável, estiradas nas cadeiras de sol, bronzeando, com criatividade, eu e Ani esmerávamos nas pulseiras de fios de aço finíssimos, que pareciam ouro e iam sendo preenchidos de miçangas. Papai nos olhava em silêncio, o que já era uma resposta: “Nós sabíamos nos virar”. “Não dê o peixe, ensine a pescar”. As pulseiras vendiam igual água, na escola, na vizinhança. Achamos a “mina” de ouro ou da água e nossos supérfluos foram realizados numa boa.         

Após desafios e dificuldades, temos que virar a página e seguir em frente. Muitos não têm essa consciência. O ser humano é muito mais forte do que imagina. Falo por mim. Sabemos que recomeçar é difícil, mas acreditar em um futuro mais fértil e ter uma visão otimista nos ajudam a ter foco e fé. Assim, coisas boas virão. O essencial é que sempre almejemos uma existência repleta de esperanças e concretizações.

Dois beijos...

Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira n.º 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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