ARTICULISTAS

Era uma vez

Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Publicado em 30/05/2023 às 21:04
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Tudo começou quando, ainda crianças, ganhamos de presente um livro das “Fábulas de La Fontaine” e era no sorteio que uma de nós lia a história em voz alta. Não tinha opção, pois era um exemplar para as duas. Os personagens, com ilustrações encantadoras, eram animais que se comportavam como seres humanos, tornando-se nossos “mestres na arte” da sedução literária. Apaixonamos pela magia da leitura e não paramos mais. A partir daí, todas as histórias que líamos tinham que ter bichos e conversar como gente.              

Inspiradas, começamos a desenhar e inseríamos nós duas, gêmeas, nas histórias, em que conversávamos com os animais, tendo a justiça como prioridade. Tínhamos apenas oito anos e desenhávamos em quadrinhos, retratando as nossas fábulas. Depois de prontas, era o papai que tinha que ver os desenhos e ouvir. Haja paciência! Ao ver nossas ilustrações, valorizava nosso talento e criatividade e dizia: “O renomado escritor Maurício de Sousa, que criou a “Turma da Mônica”, é nosso primo, colocou seu tio Horácio como um dos personagens em seus quadrinhos. Continuem explorando suas habilidades. Quem sabe, com o tempo, vocês possam criar algo e compartilhar com ele!”.

Sonhos… sonhos...  estimulavam as nossas fantasias e as fábulas continuavam a todo vapor. Quem sabe um dia vamos ser escritoras! E já nos víamos na capa retratadas por nós mesmas: eu segurando um tatu-bolinha e Ani, um bicho-preguiça. 

Nessa fixação por bichos, não saíamos do bosque, desenhando macaquinhos, tucanos, bichos-preguiça, raposas, onças, cobras, jacarés e tudo mais! Quantos personagens para nossas fábulas!              

E foi no Jardim de Infância “Branca de Neve”, particular, de nossa propriedade por oito anos, bem frequentado, que contávamos uma fábula por dia de “La Fontaine” e os aluninhos, de 5 a 7 anos, ouviam sem piscar. Após ouvirem, eram eles os contadores de suas histórias e nos encantavam com seus temas e criatividade fantasiosa. “Eu fui no mato com meu pai e dei um tiro na onça, que pulou em mim! “Eu virei o jabuti de cabeça para baixo!” “Eu tenho uma galinha que chama Pintadinha e bota muitos ovos pintadinhos!” ... E as histórias tinham desfechos surpreendentes. Tempos inesquecíveis! Como era bom brincar no mundo da fantasia! 

Dizem que uma história bem contada guarda o mesmo afago de um abraço apertado. Não é para menos! Durante essa rica celebração de contar e escutar, uma colcha de emoções é tecida. Sabe que até hoje me vejo conversando com bichos?! Eles, atentos, nos ouvem e nos retribuem com carinho.       

Comemoramos, em 8 de julho, os 400 anos de nascimento de Jean de La Fontaine, um marco literário, pai da fábula moderna, que tem característica mais infantilizada, mas carrega muito o teor político. Ele nasceu em Chateau-Thierry, na região de Champagne, França. Escreveu, inspirado pela tradição clássica, 240 fábulas em verso, distribuídas em 12 livros. Fábulas universais, atemporais e fraternas, com temas que nos conduzem a uma reflexão moral, ética e de justiça, diante de um mundo cercado pelo individualismo virtual.

Vamos motivar nossas crianças a ler, contar histórias, fantasiar suas vidas e sonhar! 

Dois beijos
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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