ARTICULISTAS

Fada madrinha

Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Publicado em 06/03/2024 às 18:44
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Não é natural a comparação entre pessoas, porém, quando elas têm influência significativa em nossas vidas, isso pode acontecer. Portanto, ao escolher madrinhas e padrinhos para nossos filhos, é importante buscar pessoas que realmente se encantem com a ideia de assumir esse papel e estejam dispostas a investir tempo, amor e cuidado em relação à criança. Mamãe escolheu madrinhas que amavam gêmeas, procurou pessoas em quem mais confiava para receber o título nobre de “madrinha”. Não foram escolhidas por ostentação, mas por terem sedução por gêmeas.

Minha madrinha foi do lado materno, e a da Ani, paterno. A partir dos anos, fomos conhecendo nossas madrinhas. Eram bonitas e sentiam verdadeiro amor por nós. A minha parecia um anjo de bondade e ternura. Tendo residência em Araguari, demonstrava nitidamente seu carinho, procurando satisfazer as afilhadas, tomando nossas dores e nos protegendo. Uma “Dinda” que encantou nós duas, pelo amor e pelos ensinamentos valorosos. A da Ani era exigente e autoritária e, por não ter filhos, sempre dizia que iria levá-la para morar com ela, assustando-me com seu bate-papo irônico.

Crianças são suscetíveis a uma variedade de emoções e o medo de perder Ani gerou sentimentos de desconfiança, raiva, frustração. A sua madrinha, como em um conto de fadas, era para mim uma madrinha má. Mamãe falava que era brincadeira, mas, ao vê-la, eu ficava sempre com “um pé atrás” em meus devaneios.

Lembranças de nosso passeio em Belo Horizonte, já com 17 anos, na casa dos tios, padrinhos da Ani. A nossa única saída permitida e escoltada foi para conhecer a maior, a mais linda e organizada livraria de BH, do tio padrinho e da tia elegante. No estabelecimento, escolheu cinco livros para cada uma e disse: “Vão amar, queridas!”. E falava, falava, falava muito, muito, muito, e não escutava.  Quem era o autor? De que se tratava os livros? Eram romances? Não respondia. PAPAGAIO! Isso que é “presente de grego”.

Aos 17 anos, queríamos dar uma volta sozinhas, explorar a cidade e não ler livros em nossa estadia na capital. Na primeira oportunidade em que a madrinha foi ao salão, saímos do apartamento escondidas e fomos caminhar pelas avenidas de Belo Horizonte. Ficamos deslumbradas. Quantos lugares lindos para desfrutar! Só voltamos à noitinha, deixando os padrinhos de “cabelo em pé”.

Esses pequenos momentos imprevistos se tornam as memórias mais divertidas e marcantes. Na verdade, a sua maneira de cuidar era no controle. O susto do nosso sumiço os fez acordar e entender que queríamos conhecer a capital. Então, levaram-nos a pontos turísticos da cidade encantadora: Lagoa da Pampulha, Praça da Liberdade, Palácio das Artes, Mercado Central, etc. Ainda “de canja”, em restaurantes sofisticados, pratos tradicionais e ambiente acolhedor. Sempre escoltadas, essa era a maneira de amar, controlando e direcionando os nossos passos.

Toda madrinha tem que ter doçura em suas ações, criando uma ligação especial e duradoura com seus afilhados. Sempre aberta ao diálogo, apoiando, mostrando caminhos.

Vamos fortalecer os laços com nossos afilhados, mesmo que isto signifique ir atrás, buscar uma conversa ou tomar a iniciativa de se reconectar, fortalecer laços. O relacionamento entre padrinhos e afilhados é uma energia, uma fonte de amor que devemos cultivar.

Afinal, o termo madrinha tem origem no latim mater (mãe), significando “segunda mãe”.

Dois beijos...

 Iná e Ani

gemeasanina@hotmail.com

Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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