No século XXI, as mulheres estão cada vez mais questionando e redefinindo o que é ser feliz e realizada, reconhecendo que o casamento não é a única fonte de satisfação. Qual a mulher que não busca sua autonomia, liberdade e realização em uma variedade de áreas, incluindo carreira, educação, hobbies, relacionamentos pessoais e comunitários?
Quando um casamento é baseado principalmente na paixão e na ausência de amor verdadeiro, o relacionamento pode tornar-se vulnerável. A medida da intensidade da paixão diminui ao longo do tempo e o casal não suporta os desafios. Sem o amor verdadeiro, quando os conflitos aparecem, o vazio emocional, muitas vezes, leva à separação. Entretanto, a paixão é uma força poderosa e complexa, que muda a cabeça e a vida de qualquer filho de Deus. É tão forte que complica amor e amizade, tornando-se uma faca de dois gumes, levando-nos a agir de forma impulsiva e irracional.
Lembranças de um jovem amigo que, no calor da bebida alcoólica, pediu a moça em casamento, perto dos pais dela, numa paixão impetuosa. Foi um casamento de rainha, mas, antes de os presentes serem usados, anunciaram o divórcio; sem amor, a chama apagou-se. A paixão é um sentimento essencialmente efêmero, acaba no primeiro contratempo, no primeiro desentendimento, quando não tem mais o corpo para oferecer, dinheiro, nem propriedades. Não podemos deixar que ela domine nossa alma.
Na família, como em muitas, não faltaram paixões intensas. Uma tia, com a desaprovação dos familiares, pressões sociais por ser jovem demais, teve consequências desastrosas a ponto de tentar suicídio. A paixão destaca a intensidade desse sentimento envolvido e a profundidade da dor que a tia enfrentou ao ter seu desejo negado. Após esse ato desesperado, conseguiu a autorização dos pais e casou-se com seu militar da Marinha, passando entre espadas cruzadas e, após alguns anos, divorciaram-se. Um relacionamento para ser duradouro tem que vir acompanhado de admiração, gostar da companhia do outro, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza.
Eu e Ani tivemos namoricos em que os pretendentes vinham em pares. Quando uma terminava, a outra arranjava um jeito de terminar também. Ani, certa época, namorou um lindo jovem com a condição de que ele levasse para mim um parceiro. Ele trouxe o seu maior amigo, mas, em uma semana de euforia, descobri que tinha outra. Deu zebra! Depois, levou um primo bonitão, que cantava, cantava demais, demais, demais; não vingou. Arrumou um outro gentil, educado, cheiroso; era gay. Insistiu tanto que arrumou o outro primo, que deu tanto certo que nos casamos e Ani acabou terminando com seu amor. Após oito anos, casou- se com seu escolhido. Aleluia!
Nossas paixões eram “fogo de palha”. Como é boa essa sensação sem compromissos! Benza Deus!
Mulheres contemporâneas estão conscientes do seu empoderamento e das armadilhas que surgem de atrações físicas intensas, interferindo negativamente nos relacionamentos amorosos e amizades. Esse é um lembrete poderoso que reflete em sua autonomia, autoconhecimento e aspirações individuais. Isso não significa que sejam menos passionais ou menos propensas a se envolverem em paixões, mas estão mais atentas ao prejudicial. Procuram relacionamentos saudáveis e satisfatórios, em que amor e amizade coexistem harmoniosamente, com independência e objetivos pessoais.
No amor, sempre deverá haver doação recebida e envolvida na mesma intensidade. Quando sincero, dura para sempre, na juventude, na velhice, na beleza e na perda desta. Não existe distância, tempo, desde que seja cristalizado em bases sólidas e conhecimentos mútuos.
Em vez de esperarmos um “príncipe encantado”, é mais produtivo construirmos uma vida de autoconhecimento e empatia. Só assim estaremos preparadas para conhecer e valorizar um parceiro que complemente nossas vidas de forma autêntica e positiva!
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro