ANI E INÁ

Fôlego

Ani e Iná
Publicado em 24/01/2023 às 19:48
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Você já aprendeu que tem gente que é do mundo e tem gente que é para dentro? Bate os pés de fora e volta correndo para respirar em casa. Outros andam sem parar e só querem rodar de fora ou de ônibus, bike, moto, carro, como se não houvesse lugar certo de atracar. Voam longe, distraidamente, para outras paragens, outros existem para admirar.

Outro dia, observando o Instagram, vi uma jovem sozinha com sua mochila, equipamentos adequados em sua bike, na chuva, nas matas da Serra da Canastra. Pedalando pelo lamaçal, pela estradinha no meio da mata, sua proposta era passar cinco dias em seu percurso. Chegar ao Topo do Vale da Babilônia! Existe coisa mais inspiradora que isso? Fiquei com a imagem na cabeça, uma cena tão sensível que daria um filme!

Em sucessão de memórias felizes, essa jovem relembrou a infância minha e de Ani, descalças, correndo na chuva com os pés na enxurrada. Eram momentos de pura felicidade! Ao nos equilibramos em uma bicicleta na casa dos primos em Araguari, sinônimo de liberdade! No sol, debaixo de chuva, molhadas mesmo, com os cabelos pingando, ensopadas, éramos o prazer revelado.

Essa jovem na Serra da Canastra foi a inspiração de boas recordações. Determinada, coração leve, passando por árvores históricas, arraiais, botecos, igrejas, cachoeiras: “A Vida é como subir e descer morros”. Uma frase que diz muito. Vivemos de sonhos a realizar! É um dom divino estabelecer nossos próprios roteiros.

Como atletas de natação, eu na modalidade crawl e Ani costas, gostávamos de namorar o trampolim de 6 metros de altura, até que, com decisão tomada, insisti em pular das alturas. A sensação de voar se tornou obstinação. Obsessão! Subia no topo, olhava a água como o Oceano Atlântico. Um pulo e o mergulho profundo! No dia seguinte, acordei decidida. Foi o professor que me conduziu lá em cima e me ofereceu as mãos: “Vamos juntos nessa!”          Foi um delírio! Joguei com tudo e sozinha. Ele me soltou e, naquele momento, descobri que transformações, crescimentos internos aparecem quando nos sentimos sozinhos! Buscamos a força dentro de nós. Este é o sentido da vida quando você descobre a sua força! Estamos sempre nos testando, o tempo todo nos redescobrindo. O pé no chão do fundo da piscina me fez emergir na rapidez de um raio e tomei o fôlego. Voltei, subi novamente ao topo do trampolim e foram sucessivos pulos nos 6 metros de voo no ar!

Nós, às vezes, estamos sozinhos, e aí? No seu interior estão as respostas, torna-se necessário fortalecê-las. Somente assim descobrimos até onde vai a nossa força e fé, sempre nos empurrando para o nosso melhor. Quanto mais acreditamos, mais fé vamos desenvolvendo! É o que nos que faz seguir adiante, todos os dias, o que nos ajuda a continuar caminhando, aprendendo e acreditando. Acreditar em quê? No que nós queremos acreditar. Já dizia o escritor: “O importante não é o mapa, mas a caminhada”.

Estes dias assisti a uma minissérie na Netflix, “Respire”, interessante, com lances de psique humana e de alma. Uma advogada que quer ir de qualquer jeito ao norte do Canadá, o avião cai, ela começa um diálogo interno, vai se conhecendo, tem que sobreviver sozinha na natureza. Um enredo de tirar o fôlego, que leva a uma grande reflexão. É importante compreender o quão potente e transformador é aquilo que nasce dentro de nós. Essa força é individual. É a nossa fé.

Dois beijos.

 Iná e Ani

gemeasanina@hotmail.com

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