O que faz um jovem monstro atacar uma escola? Não dá para encarar essa realidade, mas pensar que o estabelecimento de ensino pode ser um lugar frustrante para muitos é motivo assustador.
Em pleno século XXI, o aumento desses ataques viraliza no mundo. A internet, os noticiários, mostram diferentes versões dessas “barbáries”, que servem de exemplos negativos para outros adolescentes. Muitos jovens têm apoio familiar e acompanhamento dos pais; outros, sozinhos, pedem socorro ao amigo maior, a internet. Se nas redes sociais existem valiosas oportunidades educacionais, ao mesmo tempo são ferramentas poderosas para comportamentos agressivos e assassinatos. A comunicação pessoal foi substituída pela virtual, em que tudo é permitido. Como ficam os familiares e as relações sociais?!
Sempre recebemos vídeos de “como éramos felizes e não sabíamos”. Saudosismo? Não! Verdades!...
Relembro nós duas com entusiasmo infantil nos dirigindo à escola, uniformizadas, a pé, aos 8 anos de idade, brincando e pulando. Só uma advertência: “Não entrem em carro de estranhos”. Íamos felizes com a lancheira e uma pastinha, as necessidades básicas de nosso dia a dia no educandário.
Em certa ocasião, pegaram nosso coleguinha com um canivete em sua pasta. Ele foi levado à diretoria e revelou que era para “enfiar” em um colega que o humilhou. Após as investigações, havia mais dois envolvidos revoltados. Sendo rejeitado por não levar seu material escolar, uniforme surrado, tênis sujos, a criança começa a se sentir vitimizada e necessita mostrar a sua força saindo desse anonimato de fracassos! Esse foi um dia triste, mas, no outro, a normalidade voltou à escola e não se falou mais nada entre nós. A criança foi advertida, pais compareceram ao estabelecimento educacional e nada mais de espetacular. E hoje? Tudo é gravado e viraliza na internet. E é mostrado a todo momento.
Pessoas de índole má sempre existiram. Tivemos uma coleguinha egocêntrica e manipuladora que conseguiu furar um bloqueio que marcou um período de nossa vida. Mal sabíamos da intenção um tanto perversa que essa menina nutria por nós. Ela desejava mostrar seu domínio e exercer liderança no grupinho de vizinhos. De fato, com o correr do tempo, percebemos que ela acalentava um desejo secreto de “força” para nos separar. A escolhida voltava com “mimos”, tiaras na cabeça, caixinhas e muito mais. O desconfortável chegou quando, na linda festa de aniversário, só convidou uma de nós. Excluímos essa garota de nossas amizades. Suas pretensões maquiavélicas continuaram e só serviram para consolidar ainda mais a nossa fraternidade. “Pau que nasce torto morre torto.”
Hoje o maior desafio da família é combater o inimigo invisível, a máquina, a aliada dos filhos, joguinhos violentos, desconectando-os da vida real, tornando a ficção o incentivo para cometer barbáries e vingança pelos fracassos e vitimizações sofridas.
Será que o corre-corre da vida não mais nos permite viver em paz neste prazeroso caminho da existência?! Uma difícil tarefa para a sociedade, onde a máquina ameaça nossas crianças até mesmo nas escolas.
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira n.º 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro
