Estavam em todos os lugares, nas portas das escolas, nos bancos, lotecas, shoppings, teatros. Divertidas, irreverentes, icônicas. Já criaram os filhos, mas estão prontas para dar apoio aos netos. Umas migraram para faculdades, voltaram a trabalhar, porque para jantarem em bons restaurantes e também presentearem filhos e netos precisam de dinheiro. As vovós e os vovôs são personagens de destaque na família e estão ativos, participativos e mais intensos do que nunca.
Existe um sentimento de união e gratidão entre avós, filhos e netos.
Não mais que de repente estes senhorzinhos e senhorinhas desapareceram. Estão confinados... Protegidos da Covid-19. Em casa! Não saiam! Esse vírus é mortal!
INSPIRA, EXPIRA... “Pro dia nascer feliz."
Na nossa infância e juventude, épocas que nos marcam para o resto de nossas vidas, guardamos lembranças inesquecíveis de nossos avós. Cabelos grisalhos, tranças em torno da cabeça, pois os cabelos eram longos, e terminava em coque (chignon pesado) com quatro presilhas de pente em ornamento. Pulverizavam os cabelos com um aroma muito especial. Vovó Cornélia era uma beldade, segurando agulhas de tricô, enquanto esperava o bolo assar no forno, e o vovô Nicanor, jornalista, com sua postura imperial, calado, mas presente.
INSPIRA, EXPIRA... Vida que segue!
Muitos avós confinados... assistindo a seus filmes e documentários, embarcando nos livros preferidos, ouvindo Stevie Wonder – das antigas, grandes cantores –, aproveitando seu momento, navegando pelas redes sociais, assistindo TV e, não raro, conversando com os netos e os filhos.
Tem as vovós rebeldes, que fazem do jeito delas. Adoram dar chocolate escondido para os netos pequenos, estão nos parques e no cinema com eles, curtem um McDonald’s, deixam ficar com a TV ligada até dormirem, e tudo é paz e amor! Estas continuam presentes na vida dos netos, visitam-nos sempre e os recebem em sua casa.
Tem as vovós que gostam de juntar todo mundo na sua casa aos domingos, tipo "grude " mesmo, e no fim de semana tem macarrão, pizza, muita televisão e até futebol. E dizem que estão perdidas, um vazio enorme sem os filhos e netos.
INSPIRA... EXPIRA... tudo controlado!
Sendo honesta, diríamos que o isolamento está sendo uma vida sofrida, cheia de separações. Não só para os idosos, que são os mais atingidos pelo Corona, mas também para filhos e netos. Inseguros e amedrontados, porque amar é sentir a dor do outro, é sentir uma total união.
Idosos, vovós e vovôs, um elemento decisivo na constituição da nossa identidade. Uma relação de amor, a que estamos sujeitos, e constitui uma história, um conjunto de valores, pertencimento a um grupo, família, clã.
Agora é rezar para que venha a velhice e que ainda haja muitos personagens de avós e avôs pela nossa frente.
INSPIRA, EXPIRA... Isso vai passar!
Dois beijos...