Recebendo o folheto da programação das Missas da Quaresma, foco no dia 9, Dia da Ressurreição, Páscoa!
A igreja do Santíssimo Sacramento, também chamada de igreja da Adoração, foi totalmente restaurada. Novos pisos, pintura moderna, sistema de som, esculturas e altares em pleno esplendor, preservando sua história e beleza arquitetônica. Nós, paroquianos, agradecemos ao nosso sacerdote, monsenhor Paulo Porta, que subia nos andaimes, misturava-se com os pedreiros e nos fazia rezar em dobro pela sua segurança. E também a dedicação dos voluntários e doadores que tornaram a “obra-prima” possível.
Uma igreja renovada se torna acolhedora e atraente aos fiéis. O que chama mais atenção na igreja do Santíssimo Sacramento são os vitrais e o enorme lustre de cristal, no centro. A pintura artística foi obra moderna do padre Lázaro Aparecido, conhecedor das artes sacras espalhadas pelo Brasil afora. As homilias do querido e respeitado monsenhor Paulo Porta dão o brilho no evento santo que completa a arquitetônica igreja. Antecedendo à Páscoa, missas, procissões, vias-sacras, tradições cristãs.
Eu e Ani sempre fomos muito religiosas e gostamos de rezas. Ir à missa aos domingos sempre foi um hábito. Um evento santo! Nossos pontos de encontro nas igrejas sempre foram sagrados. Os rituais, os órgãos, os coros, os fiéis e a celebração, do início ao fim, sempre foram para nós de uma beleza incalculável! Nosso estilo de vida religiosa vinha em desencontro com papai, completamente cético, ateu, mas respeitava nossa fé. Seu lema eram os versos de Noel Rosa: “Quando eu morrer / Não quero choro, nem vela / Quero uma fita amarela / Gravada com o nome dela”. Coincidência ou não, no dia do seu velório, passou uma escola de samba e parou em frente a nossa casa, todos sambando, parecendo que o estavam homenageando. Era o que ele mais desejava. Deus é misericordioso!
Voltando ao início do texto, dia 9, Dia da Páscoa, Ressurreição! Nessa semana, uma luz acendeu na cabeça do papai, melhor dizendo, na nossa casa. Amigo do Monsenhor Olímpio Olivieri, papai encafifou de celebrar a Páscoa, o que passou a ser sua prioridade, e convidou o padre para a celebração, que prontamente aceitou. Mamãe chamou uma senhora para fazer o jantar e comprou vinho. Quando chegaram os convidados, cinco pessoas amigas, ficamos à espera do sacerdote! Aqueles momentos colocavam em xeque a decisão do papai, que olhava a todo momento o relógio da parede, pois nunca usou relógio no braço. Finalmente, chegou. Simpático, alegre, desculpou-se pelo atraso devido a um casamento na fazenda. Logo, com seu carisma, benzeu os vinhos.
Eu e Ani, com 12 anos, e o irmão Eurípedes, com 16, enchemos os copos e, “mais pra lá do que pra cá”, ouvimos a homilia, não do padre, mas do papai, que, emocionado, falou sobre o significado da Páscoa! Explicou com beleza que Páscoa tem origem no hebraico e significa “passagem”, enalteceu todo o significado daquele jantar e foi aplaudido por todos os presentes, até pelo padre Olímpio. Alguns bocejando, contaminando o sono dos demais, não sei se pelo vinho ou pelas palavras intermináveis. Finalmente, jantamos! Padre Olímpio agradeceu, abençoou a cada um e despediu-se.
Aproximando-se da Páscoa, relembro esse dia e a diferença das comemorações familiares nos dias de hoje. Crianças acham que Páscoa é chocolate, é o modo de celebrar a festa. Sim, o ovo e o vinho simbolizam um novo começo. Será que todos sabem disso? Esses ovos decorados e caros para os consumidores deslumbrados representam a alegria para relembrar a passagem de Jesus da morte para a vida. Na verdade, Ele é o filho de Deus. É Ressurreição! Aleluia!
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira n.º 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro