Quem não conhece a fábula de La Fontaine – O velho, o menino e o burro?
Não há jeito de agradar a todos. Muitas vezes, fazemos o papel do burro e deixamos ser levados nas costas do velho e do menino. Não é a solução politicamente correta, mas é a mais cômoda para o burro. O problema de viver assim é que a vida se torna um eterno conflito. O externo ditando o interno.
É importante compreender o quão potente e transformador é aquilo que nasce no interior da gente, em que acreditamos, mesmo sem o outro concordar. O melhor mesmo é ouvir a voz que vem de dentro, escolher o diálogo em vez da solidão e mudar o rumo da conversa.
Escutar as pessoas, os poetas, as cidades... é uma bela bússola. Não estamos falando em agradar às pessoas, a todos, mas trocar sabedoria, experiência. É enriquecedor.
Sabemos que há dois tipos de pessoas: uma é individualista, egoísta, gananciosa, capaz de tudo para enriquecer, amealhar fortuna, acumular bens materiais e destruir um governo; a outra é solidária, desprendida, simples, transparente, fala a verdade, doa a quem doer, mas ama a humanidade. Temos que estar sempre preparados física e mentalmente, prestando atenção, vendo, ouvindo, com a verdade do diálogo.
Com as redes sociais, somos escravos de comentários mentirosos, sem nenhum contexto, que emitem vozes de uma legião de parvos.
Novamente, estamos reféns da variante Ômicron: não sabemos se é mais transmissível, se vai substituir outras variantes, se espalhará pelo planeta, mas sabemos que temos que monitorá-la.
A variante Ômicron faz as capitais cancelarem réveillon e ameaça o carnaval. Reconhecemos a importância do carnaval, a resistência e expressão da arte popular. (Tem o mesmo cunho de celebração do teatro, onde podemos ser rainha, pirata ou jardineira, para tudo acabar na quarta-feira.) Por outro lado, as Secretarias de Saúde de várias regiões afirmam que, se o carnaval fosse hoje, não seria possível a realização desse evento.
Na contramão das redes sociais, vamos assistir a mensagens e palpites, conversas sequiosas de maldade, com um linguajar muito baixo. Gente que não entende nada e inventa notícias. Em bom português, muitos perderam o medo de dizer bobagens em público de forma despudorada. Então, aparece a “maria vai com as outras” e, por que não, o “joão vai com os outros” e viralizam a irresponsabilidade.
São pessoas que demonstram não ter opinião ou vontade própria, com dificuldade de tomar decisões e se deixam convencer com facilidade, concordando sempre com as outras pessoas, sem ter um posicionamento crítico.
Hoje, tem outro nome: “Teoria da Conformidade Social” ou “efeito manada”. De acordo com o psicólogo polonês Solomon Asch, pioneiro em estudos sobre psicologia social, a tendência de seguirmos o comportamento do outro vem do simples desejo de pertencer a um ambiente.
O “efeito manada” se faz com a tendência de as pessoas seguirem um grande influenciador ou mesmo um determinado grupo, sem que a decisão passe, necessariamente, por uma reflexão individual. Se muitos internautas compartilham uma ideia, outros tendem a segui-la.
O “maria vai com as outras” nos levou na onda: – É nóis!
Dois beijos...
Ani e Iná
aninauberaba@gmail.com
gemeasanina@hotmail.com