ARTICULISTAS

Mesquinharia

Iná e Ani
Publicado em 13/07/2024 às 18:00
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Quem conhece um avarento? Em várias circunstâncias temos nos afastado dessas pessoas, que só falam em dinheiro. Mesmo com recursos abundantes, agem como se estivessem em constante escassez, valorizando a acumulação extrema e afetando nosso bem-estar pessoal.

Percebemos logo que o “pão-duro” não coloca a mão no bolso, não leva carteira nem o cartão de crédito. Lembranças do amigo que deu carona ao colega “mão fechada” e, ao parar em um restaurante na estrada, pediu um almoço. Em vez de o acompanhante pedir sua própria refeição, recusou, argumentando estar sem apetite. No entanto, quando o garçom foi retirar as travessas, o infeliz pediu para esperar, pois ia comer todo o restante da comida do amigo. Esse comportamento pode ser visto como deplorável. 

Lembranças da senhorinha vizinha que eu gostava de visitar. Ao narrar fatos de sua vida, contou-me que foi casada com um rico fazendeiro que, em sua obsessão pelo dinheiro, demonstrava comportamentos extremos. O esposo comprava um paliteiro e, em vez de usá-lo como era, cortava os palitos ao meio com um canivete, mostrando uma avareza ridícula e desnecessária. Ele sugava ao máximo seus funcionários, sempre buscando explorá-los por um menor custo, o que causava um ambiente de trabalho tóxico e opressor. A esposa do “mão-de-vaca”, em um ato de coragem e busca por dignidade, decidiu deixá-lo. Viver com o mesquinho tornou-se intolerável.

O avarento se diz esperto, vangloria-se de ter tirado vantagem dos outros, alegra-se com isso, gritando em sua arrogância: “Hoje eu peguei mais um besta”. São linguarudos, arrogantes, grosseiros, dão gargalhadas de sua esperteza. E ainda dizem: “Perco o amigo, mas não perco o negócio!” Sentimos uma sensação de frustração e desrespeito quando estamos ao lado de indivíduos assim. Sabendo que o outro foi prejudicado, isso até nos envergonha.

Ainda conheço a história de um rico fazendeiro que, chegando à cidade e com fome, foi à venda e comprou pão com salame, biscoitos, rapadura. No meio do caminho, encontrou seu amigo, sendo convidado para almoçar em sua casa. Ele almoçou e voltou à venda para devolver sua compra, exigindo seu dinheiro de volta, demonstrando um comportamento “sovina” levado ao extremo.

Mesmo sendo abastados, os avarentos tentam economizar cada centavo. Isso mostra que a situação não está necessariamente ligada à falta de recursos, mas à mentalidade de acumulação do dinheiro.

Eu e Ani sempre procuramos viver uma vida cheia de luxo e conforto. Sabíamos que nunca foi necessária riqueza para proporcionar uma vida plena e satisfatória. Era nas férias que frequentávamos, em São Paulo, feiras de livros, informática, artesanatos e desfrutávamos, gastando sem remorsos. Não era compulsão nem esbanjamento, sempre fomos generosas conosco e com os outros, sem apegos com o que nos proporcionava alegria.

O tempo e as refeições compartilhadas com familiares e amigos são insubstituíveis e valiosos. Sendo avarenta, a pessoa pode economizar dinheiro a longo prazo, mas pode custar muito mais em termos de relações e felicidades, pois isso afeta as relações interpessoais.

Essas observações sobre o comportamento avarento ilustram situações comuns que muitos podem ter experimentado. Todos sabemos que o vínculo de posse que construímos com as coisas é apenas aparente, pois não somos donos do mundo. Na verdade, esta terra que amamos não é nossa, apenas nos movemos nela como forasteiros e peregrinos.

Como seria bom se os avarentos compreendessem que o amor exacerbado ao dinheiro é raiz de todos os males! Que saiam dessa cegueira que pode levá-los à solidão e à ruína!

Agradecimentos. Queridos leitores, com a chegada de familiares, darei uma pausa em minhas crônicas semanais. Quero expressar minha imensa gratidão ao Jornal da Manhã (Lídia, Gennari e equipe) e aos leitores pelos amáveis comentários. O incentivo me motiva a continuar escrevendo sobre as diversidades do comportamento humano. Agradeço a todos pela compreensão e carinho. Espero retornar com mais reflexões e histórias.

Dois beijos...

 Iná e Ani

gemeasanina@hotmail.com

Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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