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Moda circular e memória

Ani e Iná
Publicado em 25/09/2025 às 18:11
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Antes mesmo de se falar em moda circular, eu e Ani já conhecíamos o termo por experiência própria.

Ele veio de uma tia que, de simples dona de casa, se transformou em empresária da moda. Casou-se com um fazendeiro e, quando o marido decidiu investir no ramo de ônibus, viveram tempos de fartura. Porém, os empréstimos acabaram levando o negócio à falência.

Elegante e finíssima, minha tia não se deixou abater. Para não perder o prédio que haviam conquistado, arregaçou as mangas e teve uma ideia genial: viajava a São Paulo e, nos brechós – que naquela época eram chamados de “lixos” ou “pulgas” –, garimpava e enchia sacolas e mais sacolas. Passava também pelas lojas de aviamentos, sempre trazendo novidades.

Em casa, lavava, tingia, engomava e, com a máquina de costura, transformava aquelas peças em verdadeiras roupas de grife. Montou sua equipe transformadora e, assim, reconstruiu sua fortuna. Com criatividade e coragem, tornou-se grande empresária da própria história.

Hoje, a roupa de “segunda mão” cresce cada vez mais no Brasil, assim como o número de lojas que trabalham nesse segmento. Muitos brechós caseiros, montados em varandas ou garagens, agora ganham espaço e público fiel. Na busca por peças mais baratas e exclusivas, a moda circular se consolida como uma nova cultura, que já é tendência no Brasil e no mundo.

Diferente do mercado tradicional, que sempre estimulou a renovação constante do guarda-roupa, esse “novo jeito de vestir” preserva o meio ambiente e convida a repensar nossos hábitos de consumo. Se antes havia preconceito em usar roupas que foram de outra pessoa, hoje já entendemos: com criatividade, costura ou ajuda de uma boa costureira, é possível transformar peças de “segunda mão” em algo totalmente novo, exclusivo e cheio de estilo.

Em Uberaba, por exemplo, a loja Vip Esmê Nasser (Store Home), referência em moda circular, reúne outros brechós para atrair o público em encontros presenciais. Nas araras, os clientes encontram desde marcas queridinhas até grifes como Animale, Gucci, Zara, Maria Filó, Bob Store, Lança Perfume e Dzarm — mostrando que até as empresas de luxo, fashionistas, estão abrindo os olhos para a reutilização e a revenda de roupas usadas.

Moda circular é consciência, estilo e atitude. Sabemos que a moda sustentável é o futuro. E o futuro já começou. Vamos garimpar, apoiar quem empreende nesse segmento e, assim, ajudar o planeta.

Nomes de destaque na moda têm quebrado tabus: Julia Roberts e Angelina Jolie já desfilaram no tapete vermelho com looks de brechó. No Brasil, Deborah Secco, Helô Pinheiro, Adriane Galisteu, Sasha Meneghel, Luana Piovani, Narcisa e muitas outras famosas aderiram à moda circular.

Quem tem sua costureira própria sabe: reciclar é reutilizar. E muitas vezes é nos brechós que pessoas comuns têm acesso àquele vestido de grife que, de outra forma, estaria fora do alcance. Isso fere a lógica do luxo tradicional e ameaça uma hierarquia silenciosa.

Cultivar a ideia de que roupa usada carrega “energia ruim” é superstição. As saias e os vestidos das vovós que já partiram, por exemplo, já receberam a energia necessária do próprio Universo e têm sua história.

É claro que todos gostamos de adquirir roupas novas, atuais e cheias de estilo — e vamos continuar comprando. Mas a moda circular nos convida a algo a mais: repensar, reciclar e reinventar.

Usar o que já existe não significa abrir mão do novo, mas sim aprender a equilibrar consumo consciente com criatividade. Afinal, transformar uma peça de “segunda mão” em algo exclusivo também é tendência — e uma forma de cuidar do planeta.

Vamos fazer a moda circular?!

Dois beijos...

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