A vida é um ciclo contínuo de mudanças. É inevitável que, ao longo do caminho, pessoas amigas tomem diferentes direções das nossas. Cada um escolhe o que faz mais sentido para si no percurso da vida – seja o glamour da sociedade, o refúgio na literatura, a busca pela saúde, a perseguição do poder, a corrupção ou mesmo o simples prazer de uma mesa de bar.
A família é nosso primeiro lar emocional. A sua dinâmica pode mudar, ajudar ou atrapalhar, seja por circunstâncias, diferenças ou escolhas. Nem sempre queremos e aprovamos as orientações de nossos pais.
Em depoimento em canal de TV, Silvia Poppovic disse que, quando chama a filha ao telefone, ela sempre desliga na sua cara, fora os coices que leva. Isso tem acontecido com várias mães. Mães carentes e amorosas que jogam suas expectativas em filhas ou filhos. Essa insistência dos pais em comparação com os amigos resulta em afastamento desnecessário.
Amizades e gostos, com a maturidade, mudam. Se antes gostávamos de coleção de borboletas, pedras brilhantes e exóticas, trocávamos figurinhas com amigas e amigos, isso já não nos interessa mais. Não adoramos mais os mesmos ídolos, políticos, nossos interesses são completamente diferentes. Isso não diminui a beleza da amizade antiga, mas…
Vamos nos permitir estar abertos a novas melodias, livros, paixões, políticos, horizontes e amigos. Essa abertura para o novo mantém nosso espírito jovem, mesmo que o corpo envelheça.
Minha irmã gêmea Ani sempre foi a maior bênção concedida por Deus, principalmente no sentido de companheirismo em nossas aventuras, o mesmo gosto pela beleza da vida, pelo teatro, artes e literatura. A vida era melhor com ela, cúmplices. Uma preciosidade!
Com as amigas, as bifurcações e mudanças inevitáveis não são âncoras para que nos impeçam de avançar em caminhos opostos. Temos que reconhecer o florescimento individual de nossos afetos e o nosso próprio. Ficar observando a “grama do vizinho” não nos leva para muito longe. O segredo é estarmos conscientes de que mudanças fazem parte da essência humana e ficar chorando pela ingratidão de uma grande companheira com quem compartilhávamos risos, segredos e lágrimas, mas hoje se encontra em outra nice, é um erro.
Nas encruzilhadas da existência, novos personagens entram em cena. A vida é, acima de tudo, um constante movimento. Ela continua nos presenteando com novas conexões com pessoas que trazem profundidade, até novidades, pois nada é permanente. Não podemos ficar estagnados diante de novas tecnologias e evoluções.
Temos amigas que jamais serão esquecidas, amigas de uma vida inteira, queridas de alma e alegria. Como é bom reencontrá-las e relembrar nossas memórias! Porém, algumas desenvolvem o hábito de criticar com ironia nossas modernidades, irreverências, como que rejeitando nossa coragem e ousadia.
Mudanças não são sinais de perda, mas de crescimento. A aceitação de renovação na postura dos amigos e de nós mesmos é, no fundo, um ato de amor. Amor pela vida em sua maturidade, que permite que cresçamos juntos, com novas expectativas, projetos e possibilidades de continuarmos evoluindo sem rupturas, seja no ritmo das velhas canções ou ao som de novas melodias.
Dois beijos...
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