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O vício na adrenalina

Ani e Iná
Publicado em 11/07/2025 às 14:59
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Você é daquelas pessoas que antes de qualquer atividade faz uma oração pedindo a Deus coragem? Nem todos nós sabemos, no fundo, distinguir o medo real do imaginado. É comum disfarçarmos esse sentimento com nomes mais aceitáveis: prudência, cautela, “melhor não arriscar”. Mas ele está lá – silencioso, atento, sempre convidativo, pronto para nos arriscar.

Na infância, nossas fobias tinham formas bem definidas: fantasmas, bichos peçonhentos, raios, doenças invisíveis. Eram quase naturais, compartilhados, lúdicos. À medida que o tempo passa, elas mudam de rosto. Já não tememos tanto o escuro, mas o futuro. Esse sim nos amedronta. Já não fugimos de monstros, mas de possibilidades. São temores mais sutis, menos visíveis — e, às vezes, mais difíceis de explicar.

Muitos desses medos vêm dos nossos pais, de histórias contadas em voz baixa, do que aprendemos a temer. Hoje, com mais informação, compreendemos melhor. Sabemos que o corpo pode ser fortalecido com atividade física, que a mente também precisa de cuidado. O autoconhecimento ajuda a entender de onde vêm nossos receios e por que eles nos visitam.

A verdade é que, em muitos casos, esses pavores não desaparecem para alguns por completo. Mas isso não significa derrota, nem fraqueza. Ninguém é totalmente corajoso, nem totalmente medroso.

Lembranças da juventude onde o medo não imperava. Pular de um trampolim bem alto, nadar em rios e represas nas fazendas, andar em alta velocidade em motos e carros, aventuras, necessidade de adrenalina. Essa era prioridade minha e de Ani e de muitos jovens. Gostávamos de arriscar.

Hoje, na maturidade, sabemos que o ideal é não confiar cegamente no vício de arriscar. Precisamos aprender que momentos de prazer são janelas abertas para o inconsciente. Temos que aprender a escutá-lo.

Ao sair em trilhas, em matas, os aventureiros ou trilheiros podem perder a vida. Mais recente foi a jovem brasileira que faleceu durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia. Vitor Negrete faleceu após escalar a montanha sem o uso de oxigênio suplementar. Ele alcançou o cume, mas na descida não resistiu. Marcelo Rubens Paiva, autor do filme que ganhou o Oscar, Ainda estou aqui, sofreu um acidente ao pular de uma pedra em um lago raso, um açude barrento em um sítio à beira da rodovia, o que o deixou tetraplégico, aos 20 anos de idade.                                                

O tempo vai passando e começamos a criar uma relação mais justa, mais equilibrada – em que o medo não nos prenda, mas apenas nos lembre de caminhar com consciência e racionalidade. Nunca deixe a covardia fechar o trinco por dentro e esconder a chave, porque o perigo não precisa ser um muro, porém pode ser um sinal.

Pessoas que amam a adrenalina devem ficar em alerta: arriscar para alguns é muito viciante, mas pode levar a um final drástico.

Dois beijos...

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