Quem da nossa geração não ouviu a frase “1000 passará, mas 2000 não chegará”? Essa preocupação era retratada em contextos apocalípticos, na ficção científica, ou mesmo na destruição do planeta pelo próprio ser humano.
A passagem do cometa Halley, em 1986, assombrou muitas pessoas, devido às intensas especulações fantasiosas. Diziam que deixaria gases, poeiras, envenenamento ou cairia sobre a Terra. O mundo iria acabar! Nada disso aconteceu e ele pôde ser visto a olho nu em muitas partes do mundo. Foi maravilhoso os que viram o seu brilho, sem nenhum perigo real para o nosso planeta. Agora, só ressurgirá por volta de 2061. Um espetáculo celestial!
Quando testemunhamos um eclipse, foi uma experiência verdadeiramente única e impressionante. Escureceu tudo! Lembro-me de mamãe colocando velas para clarear a casa escura, durante aquele evento tão incomum e dramático. Eu e Ani pegamos nosso tercinho e pedíamos: “Deus, se o mundo for acabar, que seja em dia de sol”. Antes, porém, de terminarmos o Terço da Misericórdia, tudo foi clareando.
É comentário geral sobre o eclipse solar total, um fenômeno raro, que aconteceu nesta semana, mas não foi visível em nosso país. O Observatório Nacional fez a transmissão ao vivo pela internet. As fake news amedrontando a população foram várias. Uma beleza extraordinária da natureza, sem perigo nenhum!
Lembranças também quando, brincando no enorme quintal da vovó em Araguari, pisei descalça numa garrafa quebrada e um caco perfurou meu calcanhar. Em silêncio, enfaixei meu pé. No dia seguinte, Ani e eu convocamos os primos, deixamos tudo nos “trinques” no quintal, as árvores até pareciam agradecer. Nessa época, iniciamos a conscientização sobre a preservação do meio ambiente.
Recordações da escola particular Branca de Neve, de nossa propriedade, em que colocamos na grade curricular “Saúde no Planeta”, e nos finais de semana colocávamos nossas esperanças em ação. Entregávamos um saquinho e luvas a cada aluno para que todos pegassem resíduos do chão, da sala e do fundo do educandário. Um mutirão com professores, funcionários e alunos-mirins. Esse era o momento de deixar tudo em volta limpinho, cuidar do jardim, catar papéis, copinhos de plástico, tampinhas, garrafinhas e colocar cada elemento em seu saquinho, separando tudo e depositando em suas respectivas lixeiras. Esse projetivo visava estimular a consciência ambiental das crianças da Educação Infantil.
Percebemos, cuidando do nosso quadradinho, separando lixo, plantando árvores, que já era um começo! Eram ações concretas e que valiam a pena.
É fundamental reconhecer que as mudanças reais ocorrem de baixo para cima. Há décadas que ouvimos falar sobre os perigos das alterações climáticas na Terra. Esse tema sempre esteve perto de nós.
Temos visto um aumento significativo de eventos extremos, como ondas de calor, chuvas intensas, secas prolongadas, etc. Não são sintomas isolados, mas de um problema maior, que está no reconhecimento da gravidade dessa situação mundial.
Em Uberaba e em todo o Brasil, após realizações de eventos públicos, como carnaval, passagem do ano-novo, shows em pracinhas, mesmo com infraestrutura apropriada, fiscalização, lixeiras disponíveis, o problema ainda persiste no descarte inadequado. Tudo é jogado no chão, desde saquinhos plásticos até lanches.
Há razões para otimismo também. Nos últimos anos, vimos um aumento na conscientização sobre as mudanças climáticas e uma maior pressão sobre governos, empresas e instituições para promoverem o desenvolvimento de forma sustentável.
Movimentos ativistas em todo o mundo e a juventude, em particular, têm liderado protestos e campanhas exigindo ações urgentes e decisivas de todos os setores da sociedade que garantam um futuro sustentável para a Terra e todas as formas de vida que nela habitam.
O planeta ainda tem chance!...
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro