Diante da iminência do fim do casamento, desesperado, o marido mata a própria esposa, mãe de seus filhos. “Minha liberdade é minha Mãe” é um documentário de 28 minutos, que apresenta o testemunho e a subjetividade da jovem Larissa, de São João de Meriti, Baixada Fluminense, que viu o relacionamento de seus pais, que considerava romântico e aparentemente perfeito, virar um “filme de terror”. O documentário será lançado em plataformas digitais em todo o Brasil.
Fala-se em liberdade no bar, na faculdade, vestiários de academia, televisão e internet, mas a realidade é outra. O Brasil registrou 799 casos de feminicídio no final deste ano. O programa de José Luiz Datena mostra quatro mulheres mortas pelos pais de seus filhos, na frente deles.
Isso acontece nas famílias mais pobres? Não. Em todos os níveis sociais. De fato, muito pouca coisa mudou desde o tempo de nossas avós. Se pararmos para pensar como anda realmente a liberdade das mulheres brasileiras, há uma certa distância entre o discurso e a realidade. Falar é fácil, mas na prática são vários fatos inibidores a esta liberdade.
Percebe-se que nossa sociedade tem dogmas católicos ainda muito enraizados. Excomungados pela Igreja, divorciados e divorciadas recebem a hóstia consagrada com remorso. Afinal, Deus nos quer, ao seu lado, felizes e livres. Nesse sentido, estamos longe dos europeus, pois lá existe a liberdade sonhada. Divorciam, arrumam um companheiro, tentam até achar o companheiro ideal.
Quem ama de verdade não trai nem maltrata ou mata sua companheira. Acredite quem quiser, o machismo no Brasil continua muito forte e se reflete em nossa sociedade. Em qualquer conversa, vemos a santa e a diaba, a “piriguete”, a moça de família, comentários sem escrúpulo, sem respeito. Que tristeza! Rapunzel, jogue-me suas tranças! Onde fica a liberdade?
Aos 15 anos, eu e Ani recebíamos a chave da casa e “a parábola do semeador”. “O que vocês plantarem terão que colher sozinhas.” Entendemos perfeitamente a parábola e a responsabilidade da nossa liberdade.
Esta semana, em boletim de ocorrência registrado por Ana Hickmann, ela denuncia o marido por violência doméstica e lesão corporal, 26 anos juntos. Um assunto que viralizou e muitas Anas têm pregado essa ladainha. Muitas vezes, o homem se acha dono da mulher, esquece que “fidelidade” é uma conquista, e não ditadura.
Permanecer em um relacionamento abusivo, quando há problemas sérios como violência, traições, alcoolismo e drogas, é complexo e multifacetado. Preocupações determinantes – como filhos, normas culturais e religiosas, dependência emocional e financeira e muito mais – pesam na balança, na hora da decisão. Algumas mulheres têm esperança, acreditam que seus parceiros possam mudar, mas, quando o problema persiste, é hora do NÃO. NÃO. Como dizia o eterno poetinha Vinícius de Moraes: “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.
Dois beijos.
AGRADECIMENTO. Queridos leitores, obrigada pelos comentários motivadores e apoio em relação aos meus artigos. Fortaleceram o meu ego e, principalmente, minha força interior e divina diante da viagem de minha irmã gêmea Ani Bittencourt.
Na oportunidade, desejo a vocês um Natal repleto de paz, amor e momentos especiais. Que o Ano Novo seja próspero, trazendo novas oportunidades e realizações.
Breve estarei de volta. Até 2024! 💕💕
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro