Queridos leitores, após uma pausa em minhas crônicas semanais, retorno explorando as nuances do comportamento humano. Ao trazer à tona “a vida como ela é”, convido a todos para olharem dentro de si mesmos com um olhar atento e compreensivo. Espero provocar reflexões enriquecedoras e divertidas. Obrigada de coração!
Casulo
O mundo com suas crises constantes, tensões e pressões das redes sociais leva pessoas ao desejo de desconexão total. “Na minha casa não ligo mais TV, não entro mais nas redes sociais, não leio jornais.”
Essa vontade de escapar das dores e frustrações é compreensível, mas existe uma linha tênue entre afastar do que nos fere e perder o vínculo com nós mesmos. Desconectar temporariamente para o autocuidado, para recarregar as energias é necessário, mas se você começa a ficar alienada dos acontecimentos, completamente afastada de tudo, isso pode levar à indiferença e à anestesia emocional.
É fundamental cultivar a harmonia com nós mesmos. Eu e Ani nos lembramos bem das tias do lado materno, nunca tiveram “anestesia”, diziam sempre que o segredo da saúde mental é cuidar de nós mesmos, manter a força interior. Ao priorizarmos essa energia, conseguimos criar uma base sólida que nos permite lidar com as adversidades externas.
Essa doença crônica da anestesia tende a entrar em nossas vidas, por isso devemos desafiá-las mantendo-nos ativas e envolvidas com o mundo.
É possível encontrar alegria e propósito em pequenas coisas, em vez de culparmos o mundo em que vivemos.
Em épocas em que não havia internet, íamos atrás de distrações das mais variadas. Nosso DNA tem muito a ver com nossas tias, que sempre encontraram maneiras de se conectarem com pessoas ao seu redor. Envelheceram envolvidas com atividades como teatro, dança, canto em igrejas, técnicas manuais, leituras, escritas, que as distraiam como um verdadeiro antídoto contra o isolamento e a apatia.
Eram seis irmãs, totalmente diferentes entre si, mas tinham uma coisa em comum: eram divertidas, irreverentes, icônicas. Essas tias foram nosso espelho, nosso exemplo, enfim representavam tudo o que uma mulher deveria ter. Antenadas, nunca viveram em um casulo e nenhuma interferia na vida da outra. Longe de viverem em isolamento, nunca tiveram a tristeza como companhia. Suas atividades diversas são exemplos poderosos para a saúde mental tão frequente no envelhecimento.
Quando nos fechamos em um “casulo”, desconectamos do que realmente importa, o que torna fácil nos perdemos em insatisfações e comparações com a “grama do vizinho”.
No entanto, ao escolhermos valorizar a nós mesmos e as pessoas ao nosso redor, estamos cultivando uma união verdadeira e significativa. Ao alimentar essas conexões internas com os amigos e entes queridos, saímos do “casulo”, nos fortalecemos e ganhamos a liberdade de “voar como borboletas”. Essa é uma forma de viver com mais plenitude e propósito, reconhecendo o valor do que temos e de quem somos.
Vamos voar?...