Somos tolhidos por um excesso de regras sobre o que podemos ou não podemos fazer. O politicamente correto incomoda, aparece em forma de ditadura. Se respeitamos limites, nada é incorreto. Quando traçamos objetivos que nos satisfazem e não vão prejudicar ninguém (o que significa soltar a imaginação e realizar), é inadmissível a censura.
A preocupação com a vida alheia é muita. Vai à igreja, é “carola”; gosta de sentar em um barzinho, é alcoólatra; ficou sem casar, é titia. Rótulos vão aparecendo. Estigmatizar uma pessoa, isto sim, é politicamente incorreto. A vida é um eterno pêndulo entre o “dane-se” e o “me ferrei”. Então, que se danem os outros. Já disse Ana Maria Braga: “A vida não rebobina, ela só toca para frente. Então, faça o que te faz feliz”.
Quando Adolf Hitler foi rejeitado por duas vezes na Academia de Belas-Artes de Viena por não ter talento, frustrado, passou a proibir e a destruir obras de artistas consagrados. Típico de ditadores.
Proibir a imaginação, sonhos, atos. Querer a igualdade é um erro, cria separações.
Vocês já perceberam que a palavra proibir pode incentivar o erro? Vemos que o autoritarismo de pais provoca transformações, emoções e revoltas. Em pleno século XXI, é sinal de baixa estima e insegurança. Filhas e filhos de pais que passaram a ideia de liberdade e curiosidades do mundo são raras. Nós tivemos esse privilégio.
Revivendo lembranças, morávamos na rua Carlos Rodrigues da Cunha, em cujas imediações, como era de conhecimento geral, situava-se à rua São Miguel. Já haviam nos alertado, não deveríamos relancear os olhos para aquele local. É proibido passar lá! Aquela afirmação despertou curiosidade intensa nas gêmeas de 12 anos. Foi no sorteio (entre nós) que Ani foi conhecer, primeiramente, o maldoso logradouro. De volta, começou a narrativa: “Um lugar fora do comum. Num bar, todo iluminado por dentro, mulheres lindas com as pernas de fora, usando meias longas, luvas, como a gente vê nos filmes”.
No dia seguinte, no mesmo horário, eu fui satisfazer a minha curiosidade. Nada de bonito, tudo normal, só o susto de ver o sapateiro, conhecido como Seu Fausto, de cara brava: “Menina, é a segunda vez que eu te vejo na rua da ‘putaria’”. Saí correndo e perguntando que nome era esse. Meu irmão respondeu: “Zona”. “Pior a emenda que o soneto.” Fiquei na mesma! No entanto, eu e Ani, orgulhosas na cumplicidade, as únicas meninas do pedaço que conhecíamos a “Rua do Pecado”.
Falta de empatia com as escolhas da filha ou do filho não é motivo para proibirem namoro nem agirem com violência.
Autoritarismo lembra inquisição, um tribunal formado pela Igreja Católica para condenar e punir as pessoas que tinham desvios nas normas de conduta, os hereges que eram punidos com a morte. Inadmissível. Proibir, mandar, tirar a liberdade de falar em pleno século XXI, deveriam ser tiradas do vocabulário. Que tal partir para o diálogo, respeito, autocuidado, descer do pedestal, baixar a voz, conversar de igual para igual?!
Uma ação apropriada, sem ditadura, amorosa, leva a bons resultados!
Dois beijos...
Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com